A ciência ligada à genética ganha cada vez mais espaço no campo, como comprovou a 47ª Expointer, uma das principais feiras de agronegócio do Brasil, que movimentou mais de R$ 8 bilhões em nove dias de exposição na última semana de agosto.
O mercado pecuário tem visto um crescente interesse no ramo da reprodução genética de animais, que consiste na seleção de animais com as melhores características, criando assim combinações genéticas favoráveis ao rebanho. Atualmente, é possível criar raças que se adaptam melhor ao meio ambiente e que são mais resistentes a doenças e mudanças climáticas, resultando não somente em uma melhora na qualidade de vida dos animais, como também um maior resultado das fazendas. No Parque Assis Brasil, diversas empresas do ramo estiveram presentes provando o avanço da indústria e uma melhora da qualidade de produção no Rio Grande do Sul.
Antônio Carlos Olabariaga Cabistani, 58 anos, nasceu em Uruguaiana (RS), município da fronteira que há muitos anos trouxe raças europeias para o estado e que criou diversas linhagens de gado. Desde muito novo, Antônio sempre foi apaixonado pelos animais, formando-se em Medicina Veterinária no campus agrário da extinta PUC em Uruguaiana, onde também se dedicou aos estudos em áreas da Agronomia e Zootecnia. Após se especializar em bovinos, ovinos e equinos, decidiu empreender na indústria da reprodução genética.
Hoje, Antônio Carlos é diretor-proprietário da Cort Genética Brasil, empresa que produz e distribui sêmen para todo o território nacional e para mais seis países. Com o avanço das tecnologias e a popularização de técnicas de reprodução genética, o veterinário afirma que muitos da indústria comercializam material importado, e que isso interfere na qualidade do produto. “Começamos a fazer um trabalho de melhoramento, utilizando a nossa própria genética já adaptada aqui [no Rio Grande do Sul], pois esta é a de melhor desempenho”, diz Antônio.
A adaptação genética tem mais qualidade pois, ao importar o sêmen, o animal acaba tendo dificuldades de reprodução e ganho de peso, ou uma menor qualidade de carne. Além disso, como o mercado da carne bovina é altamente competitivo, os pecuaristas têm buscado, cada vez mais, atender às demandas através de métodos que aprimoram os atributos dos animais.
A Cort Genética Brasil expõe seu trabalho na Expointer há 15 anos, e diversos criadores de animais buscam o serviço para uma melhora na produção. Elisangela Lara, 48, e Isabel Sales, 57, abandonaram suas profissões para investir na criação de gados e cavalos. Ambas encontraram na empresa uma possibilidade de melhoramento genético e uma evolução na qualidade no produto.
O mercado brasileiro segue quente, e em 2020, a receita bruta de genética animal atingiu R$2,2 bilhões, e segundo estudos de empresas de investimento e negócios, a demanda por proteína animal é crescente em todo o mundo, e isso irá impulsionar o mercado de genética, com um crescimento de mais de 6% até 2027.