“Espero que seja um símbolo na reabertura”, diz diretora da Casa de Cultura Mário Quintana, afetada pelas enchentes de maio

Casa de Cultura Mário Quintana ainda não tem orçamento estimado para a reconstrução dos estragos das enchentes de maio | Foto: Divulgação / CCMQ

No coração do Centro Histórico de Porto Alegre, entre a Rua da Praia e a Sete de Setembro, a Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ) é um pulmão cultural para a cidade, abraçando em suas dependências o cinema, a música, as artes visuais, a dança, o teatro e a literatura. Este pulmão, que iniciou como instituição cultural em 1980, no entanto, passou por uma doença aguda no último mês de maio com as enchentes que atingiram a Capital, e precisará de um tratamento eficaz para se recuperar.

Para entender a Casa de Cultura, inicialmente é preciso se localizar no prédio. A Travessa dos Cataventos, o vão no térreo, com lojas, livros, café e eventos culturais movimenta o cotidiano do local. Ao subir as escadas do antigo Hotel Majestic, onde morou o poeta gaúcho que dá nome ao prédio e onde já se hospedaram ex-presidentes da República, são muitos os museus e espaços próprios para a expressão artística. O Acervo Elis Regina, que reúne documentos e materiais sobre a vida e a obra da artista; o Jardim Lutzenberger, que homenageia o engenheiro-agrônomo José Lutzenberger, ativista pioneiro da causa ambiental; a Biblioteca Érico Veríssimo; e a Cinemateca Paulo Amorim são alguns dos ambientes repletos de significados que compõem a casa. 

Foi na Cinemateca, localizada no térreo do prédio, que as fortes chuvas de maio chegaram de maneira mais intensa e destrutiva. As três salas foram atingidas e será necessária a substituição de 260 cadeiras e dos carpetes do local. Os estabelecimentos comerciais parceiros da CCMQ, também no andar térreo, foram igualmente danificados. Móveis e equipamentos precisarão de conserto ou substituição. Para piorar, a subestação de energia elétrica que abastece a Casa ficou parcialmente submersa e, com isso, disjuntores, cabos e quadros elétricos precisarão ser trocados por novos. 

Reconstrução do espaço cultural

Os orçamentos para a reconstrução estão em fase de análise pela gestão da Casa e ainda não há um valor exato estimado. Para isso, a CCMQ também será contemplada no pacote de investimentos anunciado pelo governo do Rio Grande do Sul e o Banrisul, entrando no rol de instituições da Secretaria Estadual da Cultura (Sedac) beneficiadas pelo aporte que tem montante total de R$ 15 milhões. 

Estimativa de reabertura das atividades da CCMQ é de dois a três meses | Foto: Divulgação / CCMQ

“Até o momento, sabemos que será necessária pintura interna e externa do térreo, revisão de esquadrias de madeira, polimento de revestimentos, limpeza das caixas d’água, conserto ou substituição de bombas dos reservatórios, conserto da rede elétrica e reposição de parte do mobiliário feito sob medida”, informa a assessoria de comunicação da Casa de Cultura Mário Quintana. 

Diretora da Casa, Germana Konrath, arquiteta e gestora cultural, conta que no dia 3 de maio, um dia após o Guaíba invadir a Avenida Mauá, foi realizada uma força-tarefa na CCMQ com o intuito de deslocar obras de arte, móveis e equipamentos do térreo para andares superiores.  

“Nossos danos são materiais, mas claro que há, para além disso, uma tristeza e uma melancolia de ver um prédio que geralmente recebe 30 mil pessoas por mês fechado. Um espaço super vivo que vai passar, provavelmente, de dois a três meses até ser completamente recuperado, fazendo todas as revisões hidráulicas e elétricas. Mas vamos retomar. E vamos retomar 100%”, projeta. 

Apesar do tempo que levará a retomada, Germana é esperançosa. Para ela, é uma tristeza um espaço cultural como a CCMQ ficar tanto tempo fechado. “Espero que a Casa seja um símbolo nessa reabertura, que também vai trazer, de novo, uma movimentação para o seu espaço, para o seu entorno urbano, para dentro da cidade como um todo”, diz. 

Rafael Renkovski

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