Obra garante o segundo Oscar de melhor animação ao diretor Hayao Miyazaki, o primeiro foi com à Viagem de Chihiro, em 2003 

Quando foi anunciado que o diretor japonês, Hayao Miyazaki voltaria da sua aposentadoria para um último filme, os fãs ficaram animados. O longa-metragem Vidas ao Vento de 2013, fora anunciado na época, como a última obra do diretor. Entretanto, o nascimento do neto o fez repensar essa decisão.  

Miyazaki costuma falar que precisa de um chamado para produzir um filme, nesse caso, o diretor sentiu que precisava deixar algo para o neto. Durante a produção do filme, um dos amigos mais próximos do diretor e cocriador com ele do Studio Ghibli, Isao Takahata, falece, acontecimento que o impacta diretamente.  

O Menino e a Garça, assim como boa parte das animações produzidas por ele, tem uma identidade visual forte, onde apenas colocando o olho reconhece-se que se trata do Studio Ghibli. O surrealismo e suspensão de descrença acompanham a aventura que o filme propõe, com um mundo mágico e suas criaturas.  

A história gira entorno do protagonista, Mahito, que perde sua mãe em um incêndio que atingiu um hospital durante a Segunda Guerra Mundial, forçando-o a se mudar para o interior com seu pai.  Neste momento, uma misteriosa garça aparece e se oferece para fazer a mãe do personagem voltar à vida. A condição é que o menino entre em uma misteriosa torre. 

A mensagem de aceitação da morte parece ser a principal da obra.  A forma como Miyazaki escreve seus roteiros é admirável, nunca querendo ser didático, e sim, subjetivo, provocando o espectador a se conectar com o filme. Trata-se da produção mais intimista dirigida por Miyazaki, talvez resultado dos eventos vividos por ele anteriores ao filme. A trilha sonora também é um ponto forte e foi composta por Joe Hisaishi, que acompanha o diretor em seus projetos desde os anos 80. 

De forma geral, O Menino e a Garça, fecha a carreira de Miyazaki com chave de ouro, entregando cenários muito bem desenhados, uma história com significado e uma aventura emocionante, merecidamente, desbancando o grande favorito da temporada para o Oscar de melhor animação, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Pode-se dizer que é um filme herança e talvez, despedida, tanto para o mundo das animações, como para os fãs e a própria família do diretor.