O esporte que ganha cada vez mais espaço e conquista diferentes gerações no estado
Nos últimos anos, o beach tennis deixou de ser apenas uma atividade recreativa para se tornar um fenômeno esportivo no país – e no Rio Grande do Sul não foi diferente. Sua combinação de competitividade, acessibilidade e um ambiente social acolhedor conquistou tanto iniciantes quanto atletas de alto rendimento. Além disso, a estrutura econômica em torno da modalidade cresce rapidamente, com torneios que movimentam prêmios significativos e atraem praticantes de todo o mundo.
De acordo com a Confederação Brasileira de Tênis, o número de praticantes no país em 2021 era de 400 mil pessoas. Em 2023, esse número subiu para 1,1 milhão. Um dos motivos para esse aumento é que o Brasil promove em torno de 92 torneios ao longo do ano.
As origens do beach tennis
O beach tennis foi criado nas praias de Ravena, Itália, na década de 1980, como uma brincadeira descontraída. A modalidade se estruturou oficialmente ao longo dos anos, unindo elementos do tênis e do vôlei de praia. O esporte chegou ao Brasil em 2008, no estado do Rio de Janeiro. Inicialmente, o beach tennis tinha maior popularidade nas cidades litorâneas, mas vem crescendo rapidamente para outras cidades. Hoje, o beach tennis é jogado ao redor do mundo e se destaca especialmente no Brasil e na Itália, que lideram o cenário internacional.
As regras do esporte são simples, o que facilita sua prática para iniciantes. Uma partida pode ser disputada em duplas ou individualmente, em uma quadra de areia dividida por uma rede. As raquetes são sólidas, sem cordas, e a bola é semelhante à de tênis, mas com pressão reduzida para desacelerar o jogo. O objetivo é fazer com que a bola toque o chão no lado adversário. O saque é realizado abaixo da linha do ombro, e a pontuação segue o mesmo sistema do tênis tradicional: 15, 30, 40 e game. No entanto, não há vantagem; o ponto decisivo é chamado de “no-ad”. Isso torna as partidas mais rápidas e dinâmicas.
Um esporte para todos
Uma das razões do sucesso do beach tennis é sua natureza inclusiva. Diferentemente de esportes que exigem habilidades específicas ou um biotipo padrão, o beach tennis acolhe praticantes de todas as idades, tamanhos e condições físicas. “Altos, baixos, magros, pessoas acima do peso – todo mundo encontra seu lugar em quadra”, afirma Alessandra Bozko, jogadora amadora do esporte. Essa acessibilidade atrai desde crianças até idosos, unindo gerações na mesma quadra.
A prática também é democrática em termos de habilidade. Jogadores experientes frequentemente treinam ou competem ao lado de iniciantes. “Um dos aspectos mais bonitos do beach tennis é que ele é inclusivo, mas também une as pessoas. Não importa o nível ou o grupo, sempre há espaço para fazer amizades e se divertir”, comenta Daniela Bozko, filha de Alessandra e atleta profissional da modalidade.
O caráter social do esporte é um grande atrativo. É comum ver grupos reunidos para jogar de forma recreativa, com partidas misturando homens e mulheres, jovens e veteranos. Além disso, o beach tennis ajuda a combater a solidão, especialmente entre aqueles que buscam uma nova rede de contatos.
O cenário competitivo e econômico
O crescimento do beach tennis no Rio Grande do Sul também reflete a ascensão do esporte no Brasil. Eventos locais reúnem centenas de jogadores e público, com torneios tanto para amadores quanto para profissionais. A economia em torno do esporte é impulsionada por aulas, locações de quadras, venda de equipamentos e patrocínios.
O sistema de torneios BT (Beach Tennis), por exemplo, cria oportunidades para profissionais como Daniela Bozko, uma das principais atletas gaúchas. Esses torneios, além de oferecerem pontos para o ranking, garantem prêmios em dinheiro que variam conforme o nível. No entanto, o custo elevado de viagens e a logística de competições internacionais ainda são desafios para muitos atletas.
Os torneios seguem uma hierarquia de níveis denominada BT. Cada categoria é identificada por um número que indica os pontos de ranking e o nível de dificuldade:
- BT10: torneios de entrada para iniciantes no cenário profissional. Não há premiação em dinheiro.
- BT50 e BT100: torneios intermediários, que oferecem prêmios menores e são ideais para acumular experiência.
- BT200 e BT400: níveis mais competitivos, com participação de atletas de ponta e premiações significativas. Os melhores jogadores do mundo geralmente estão presentes nos BT400.
- BT700: o nível mais alto, comparável aos Grand Slams do tênis tradicional, reunindo a elite mundial e oferecendo pontuação máxima no ranking.
Do tênis juvenil ao beach tennis profissional
Daniela Bozko começou no beach tennis como amadora em 2021, sem imaginar que, em menos de dois anos, se tornaria uma atleta profissional competindo em grandes torneios ao redor do mundo. “Comecei jogando por diversão, mas logo percebi que queria levar isso a sério”, conta a atleta.
Em 2022, Daniela disputou seu primeiro torneio profissional e não parou mais. Atualmente, treina diariamente, alternando entre sessões de quadra e academia, e já participou de competições internacionais como BT100 e BT400, enfrentando adversárias de alto nível em países como Austrália, Japão e Estados Unidos. “O Brasil é extremamente competitivo, mas competir fora traz um aprendizado imenso e ajuda a elevar meu nível de jogo”, aponta.
Hoje, Bozko está entre as melhores jogadoras do mundo do ITF Beach Tennis World Rankings. Porém, não é somente a sua classificação que a incentiva a continuar no esporte, mas sim o senso de comunidade que a modalidade fornece. “Fiz muitos amigos no beach, aqui no Brasil e lá fora. É um esporte muito unido”.
O futuro do beach tennis
O beach tennis já se candidata para integrar os Jogos Olímpicos de 2032, o que seria um marco histórico para a modalidade. No Brasil, sua popularidade segue em alta, com um aumento significativo no número de quadras e torneios. Porém, um dos desafios para a consolidação do esporte é expandir seu alcance em mercados como os Estados Unidos, onde outras modalidades novas, como o pickleball, ganham mais atenção.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o beach tennis continua a crescer, reunindo atletas, entusiastas e novas gerações em torno de um esporte dinâmico e inclusivo. Com suas regras simples, comunidade vibrante e um mercado em plena expansão, o beach tennis prova que chegou para ficar.