Passava das 20h quando a equipe de reportagem da Beta Redação adentrou o Pavilhão da Agricultura Familiar da 47ª Expointer. Dos 413 expositores da feira deste ano, apenas algumas bancas ainda estavam abertas, finalizando a organização do dia. Foi dessa forma que chegamos até Marleise Valsoler e Edemir Valsoler, proprietários da Agroindústria Camponês. Ambos, mais o filho de 26 anos, tocam o negócio da família, que surgiu em 2011.
Expositores da feira há 10 anos, só não participaram das edições de 2020 e 2021. “A gente sempre, todos os anos, vem com produto novo. Agora, nesses últimos dois anos, a gente divulgou os nossos produtos, fomos falar com o pessoal da imprensa. Quando a imprensa vem e gosta do nosso produto e ele é diferente, o pessoal vem procurar”, explica Marleise. Em 2014, começaram com uma variedade pequena de queijos, mas, atualmente, amostras dos mais diversos sabores cobrem o balcão da banca. Ao falar dos tipos disponíveis, a expositora cita 12 por nome. Além dos queijos, eles vendem também doce de leite e sorvetes na Expointer. Em Jóia, cidade onde moram e a agroindústria está situada, também vendem iogurtes, manteigas, natas e bebidas lácteas.
Em 2024, no concurso Queijo Brasil, ocorrido em Blumenau, Santa Catarina, a Agroindústria Camponês foi premiada com medalhas de prata e bronze, nas categorias de Queijo Artesanal de Leite Pasteurizado e Queijos Finos. Ao total, foram seis medalhas. Porém, os meses anteriores ao concurso foram desafiadores, por conta das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, em maio. Os Valsoler foram afetados indiretamente.
“A gente tinha uma produção para duas feiras que seriam grandes, a Fenadoce e a Fenasoja. O queijo colonial é um queijo que usamos um iogurte natural, e se ficar mais de 120 dias, ele começa a ficar mais amargo, e a gente não sabia mais o que fazer com esse produto, porque a gente não conseguiu mais fazer essas feiras”, diz. Tanto a Fenadoce quanto a Fenasoja aconteceriam entre maio e junho, mas foram remarcadas por conta do ocorrido. A opção foi sair do estado e participar de feiras em São Paulo e Santa Catarina. Foi uma troca de moeda, explica Marleise, e algumas deram até prejuízo. Porém, o foco era não deixar o produto estragar.

Além da Expointer, a família participa de outras feiras, mas também expõe os produtos em uma casa colonial, em Jóia, assim como em alguns mercados em Augusto Pestana e outras casas coloniais em Ijuí. É feita, também, a entrega de mussarela em pizzarias e alguns mercados em Santo Ângelo, Entre-Ijuís e Eugênio de Castro. Há ainda a produção para quartéis e merenda de escolas. Porém, Marlise ressalta que a produção é pequena.
“A gente consegue [fazer bastante], mas não tá fácil, para quem já está com mais de 50 anos e foi sempre judiado na lavoura. Eu digo que a gente sempre trabalhou com as mãos, não tinha maquinário, então já está com bastante dores. Mas estamos aí, a gente não desiste”, afirma.
Carismática, Marleise valoriza a troca com o público. “A gente gosta de conversar com as pessoas, porque não é só vender que a gente precisa. Acho que essa conversa é a parte melhor que tem da feira. A gente não tem que vender o nosso produto, tem que trocar a nossa história em valores”, reflete. Na Expointer, as vendas foram boas, segundo Marleise e Edemir. Pelas enchentes, acreditavam que a procura não seria tanta, mas o resultado foi satisfatório.
Negócio em família
Também expositor no Pavilhão da Agricultura Familiar, Juliano Zottis é o proprietário da Casa Zottis, uma vinícola de Bento Gonçalves. Na feira, trabalham com vinhos, sucos e espumantes, e o destaque desta edição era o chopp de vinho, que apresentou boas vendas. Há quatro anos participando da Expointer, Juliano fala sobre o público. “A gente vê um movimento bem significativo. Na segunda-feira a gente sempre achou que fosse mais fraco, na terça também, mas a gente ouve muito do pessoal que está demorando para chegar ao parque, está lotado”, relata.
As enchentes afetaram a safra que passou de forma parcial, mas não há previsão de prejuízo nas próximas, se tudo correr bem. Algumas áreas já estão apresentando boa brotação, com uniformidade. “A enchente para nós não atingiu diretamente, mas indiretamente sim, porque a gente vivia do turismo, e, em função dos aeroportos, enfim, tudo que aconteceu, a gente não teve mais o turismo. Então afetou, sim. Estamos com boas vendas. Ainda não somei qual é a proporção, mas todos os dias está tendo um aumento”, informa.
Resultados
A 47ª Expointer, denominada “Expointer da retomada”, teve superação em quase todas as categorias, em comparação com o ano passado. Segundo dados do governo do Estado, foram R$ 8,1 bilhão em negócios nos nove dias de feira. Até a manhã do dia 1º de setembro, o público registrado foi de 662 mil visitantes.
A próxima edição da Expointer acontece entre os dias 30 de agosto e 7 de setembro de 2025.