Aumento no preço do cigarro não impacta número de fumantes em Porto Alegre

Segundo reajuste está previsto para 1º novembro e aumentará o preço em R$ 0,75
Grupos de fumantes se reúne para fumar no intervalo do almoço no Centro de Porto Alegre (RS) - JOÃO PEDRO CHAGAS/BETA REDAÇÃO

No dia 1º de setembro deste ano, o governo federal, por meio do decreto nº 12.127, de 31 de julho de 2024, reajustou o preço mínimo do maço de cigarros de R$ 5,00 para R$ 6,50, promovendo o primeiro aumento do produto desde 2016. Agora, a partir de 1º de novembro, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre o maço sofrerá reajuste de R$ 1,50 para R$ 2,25. Essa alta representa uma estimativa de arrecadação de R$ 300 milhões a mais em 2024 e R$ 3,02 bilhões em 2025.

O motoboy Matheus Araújo, de 26 anos, destaca que o aumento no preço do cigarro o fez abandonar o vício. “Eu estava fumando quase 10 carteiras por semana e gastava mais de R$ 100. Com o reajuste, eu ia passar a gastar R$ 17,00 a mais por semana, isso daria quase o dobro [de uma semana] em um mês.”

Ele também relata que o vício o fez ter problemas de pressão, mesmo jovem. “Para largar o cigarro comecei a tomar remédios e adesivos antinicotina que, ao todo, custam quase R$ 200.” A decisão de Matheus, entretanto, parece ser exceção.

Fachada da Tabacaria Tabak, na Avenida Borges de Medeiros, em Porto Alegre (RS) – JOÃO PEDRO CHAGAS/BETA REDAÇÃO

Diego Machado, designer de 42 anos e fumante desde os 16, o aumento nos preços não mudou o hábito de consumo. “Teve um período que eu fumava somente avulsos, pois estava tentando parar, mas pelo custo é melhor comprar os maços.” Diego atualmente convive com problemas de saúde, sofre com a falta de ar.

O pacote de aumento nesse produto faz parte do “Imposto do Pecado”, que instituiu a cobrança sobre Bens e Serviços (IBS) que substitui o ICMS e ISS e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) que reúne o PIS e o Confins e também implementa o Imposto Seletivo (IS), que tem como objetivo desestimular o consumo de produtos maléficos a saúde e ao meio ambiente.

Para Lucas Kley, gerente da Tabak Tabacaria e Presentes, o aumento dos preços não alterou a procura pelos cigarros de forma significativa. “O reajuste não impactou em nada e na verdade o produto não é nossa principal fonte de renda, pois o custo dele é muito alto e o preço sugerido é baixo.”

Gerente da Tabak Tabacaria mostra seus produtos – JOÃO PEDRO CHAGAS/BETA REDAÇÃO

Cigarros eletrônicos

A regulamentação dos cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, segue em análise na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal. Atualmente, esses produtos têm venda, fabricação e distribuição proibidas no Brasil. Os vapes geralmente são compostos de nicotina, solventes e aromatizantes. Esse líquido é aquecido e então inalado pelo usuário.

Apesar de proibido no Brasil, isso não impede que esses produtos sejam facilmente adquiridos, como é o caso da jornalista Júlia Guarnieri, 21 anos. “Eu prefiro o vape, pois ele não deixa cheiro e tem sabores. Eu adoro o de uva, nem parece que a gente está fumando.”

Especialistas alertam, porém, que a inalação dos aerossóis presentes nesses dispositivos é extremamente perigosa, uma vez que o indivíduo inala não só a nicotina, mas várias outras substâncias tóxicas que são prejudiciais a ele e àqueles à sua volta.

Outro produto usado pelos jovens atualmente é o narguilé, um cachimbo de água, no qual o tabaco aquecido passa por um filtro de água antes de ser aspirado. Assim como o cigarro, esse produto tem o uso proibido em locais fechados. “A nossa maior fonte de renda é a questão dos narguilés. Esse produto atinge um público diferente, mais jovem, que não consume muito o cigarro”, revela Lucas Kley.

João Pedro Chagas vieira

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