Tecnologia revolucionou o esporte, mas prejudica o andamento de jogos e as transmissões dos espetáculos

Já utilizado em outros esportes, como futebol americano, basquete e vôlei, o Sistema de Assistência Arbitral de Vídeo, ou somente VAR, funciona por meio de um sistema eletrônico, no qual o árbitro de jogo se comunica com os outros profissionais localizados em uma sala isolada e distante em quilômetros do local do jogo. Durante a realização de um jogo, o VAR pode ser acionado em quatro situações: 1. gol irregular ou não dado; 2. pênalti; 3. cartão vermelho direto e 4. cartão aplicado para o jogador errado.

Testado pela primeira vez no Brasil, em 2017, no jogo entre Salgueiro x Sport, na final do campeonato pernambucano. Oficialmente, o sistema estreou nas quartas de final da Copa do Brasil, em 2018, na derrota do Santos para o Cruzeiro. Naquele jogo, o árbitro Wilton Pereira Sampaio contou com a ajuda do recurso eletrônico para saber que Gabriel Barbosa, atacante do Santos, não havia sofrido pênalti do zagueiro cruzeirense Dedé.

No âmbito internacional, o VAR foi usado pela primeira vez em uma competição oficial da FIFA na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, durante o jogo entre França e Austrália. Naquela ocasião, o árbitro de vídeo auxiliou na correção de um pênalti não marcado para a Seleção Francesa.

Impacto no jogo

Sobre a participação do VAR no espetáculo, Diori Vasconcelos, comentarista de arbitragem da Rádio Gaúcha e GZH, afirma que “O VAR precisa ser mais rápido e mais dinâmico pois demora muito, no Brasil, e gera um impacto que arrasta o jogo. Porém, as pessoas não entendem fazer parte do processo”. Já Sérgio Xavier Filho, comentarista do SporTV, opina que não prejudica por ser VAR, “Mas sim como é aplicado, comparado com o campeonato inglês que, durante o jogo, é muito pouco acionado e as decisões são tomadas com muita rapidez”.

Justiça e precisão

Sabe-se que a função principal do sistema de vídeo é diminuir a taxa de erros durantes os jogos, porém nem sempre acontece. “A utilização do VAR é justa e é para corrigir erros, porém nós nunca teremos 100% de acerto na arbitragem. A ferramenta aumenta o índice de acerto, mas não zera”, comenta Sálvio Spíndola, ex árbitro de futebol.

Já para o paulista Eduardo Almeida, 34 anos, palmeirense fanático e consumidor do esporte, “Na maioria dos casos sim, diminui os erros. Mas, infelizmente, ainda conseguem errar ou deixar muitas dúvidas em determinados lances”.

Ainda há barreiras para serem transpostas em relação ao VAR, e a principal delas diz respeito à comunicação em lances duvidosos. Em 2023, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) passou a recomendar que o lance revisado seja exibido no telão do estádio, ao vivo, em jogos da série A do Brasileirão. Da mesma maneira, o árbitro precisa comunicar sua decisão ao estádio.

Critérios para o uso do VAR

Como foi dito anteriormente na matéria, o mecanismo só pode ser utilizado em certas situações. Perguntado se concorda ou não com essa regra, Sérgio Xavier fala que concorda muito. “O VAR nasceu com um lema: Mínima interferência, máximo benefício. Logo, tem que ser utilizado apenas no crucial pois quanto mais picotado fica o jogo, mais o sistema vira um problema”, conclui. Eduardo Almeida concorda e ressalta: “Sim, fora isso retira toda a emoção do futebol, que acredito que vem perdendo o encanto e simplesmente sendo apenas interesse financeiro”.

Evolução e perspectivas futuras

Para Diori Vasconcelos, jornalista formado pela Unisinos, o VAR tem tudo para melhorar. “É algo que chegou recentemente e já apresentou boas soluções. Porém, com um gerenciamento diferente na CBF de ano para ano, com altos e baixos. As situações em que o sistema provoca em campo vão impactar em mudanças nas regras, por isso acredito em uma evolução positiva”, complementa. Já Sálvio pondera que, em relação ao campeonato brasileiro, o sistema é 8 ou 80. “Há momentos em que interfere muito e momentos que interfere pouco. Mas, com mais de três mil jogos com o uso do árbitro de vídeo, já deveria estar mais estável o uso da ferramenta”, opina.

Erros capitais do VAR

Alguns lances no futebol ficaram marcados por serem erros que, mesmo com o uso do VAR, não foram vistos, ou sequer apontados, nem corrigidos. Nesta matéria, a seguir, são apresentados cinco erros capitais (dentre os vários existentes):

  1. Grêmio x River Plate (Libertadores 2018): Gol de mão, a favor River, e que deveria ser anulado. O erro provocou a desclassificação do Grêmio na competição.
Fonte: SporTV

2. Brasil x Bélgica (Copa do Mundo 2018): Pênalti, cometido em Gabriel Jesus, portanto, a favor do Brasil, não marcado pelo árbitro. O erro ocasionou a eliminação da Seleção Brasileira.

Fonte: Youtube/Rptimao

3. Internacional x Corinthians (Brasileirão 2020): Pênalti não marcado a favor do Internacional. A não marcação tirou o título de campeão brasileiro do Internacional.

Fonte: Youtube/GE

4. Internacional x River Plate (Libertadores 2023): Pênalti não marcado a favor do Internacional. Mesmo assim, o Inter garantiu a classificação à semifinal.

Fonte: Twitter/QGdoInter

5. Grêmio x Corinthians (Brasileirão 2023): Pênalti não marcado a favor do Grêmio. Se assinalado, o pênalti garantiria a vitória do Grêmio. E a vice-liderança no campeonato.

Fonte: Youtube/GE