A utilização de aparelhos, mesmo que rudimentares, marca a história da prática de exercícios

Considerada uma das primeiras academias que se tem registro, o Instituto Médico-Mecânico (Médico-mekaniska Institutet), foi criado em 1865, pelo doutor Jonas Gustav Vilhelm Zander, em Estocolmo. O espaço era utilizado para fisioterapia através de máquinas mecânicas, feitas em parceria com o engenheiro Ernst Göransson.

Os aparelhos na época eram rudimentares e só melhoraram anos depois. Em 1868, as máquinas ganham elementos que utilizavam pistões a vapor e, posteriormente, se desenvolveram ainda mais com o auxílio de componentes elétricos. A metodologia implantada pelo dr. Zander foi publicada oficialmente em 1890, definida como: “o emprego de meios mecânicos para a cura de doenças”, quando seu instituto já possuía dezenas de filiais espalhadas pela Europa e Estados Unidos, com o nome de “Instituto Zander”. Ele defendia a ideia, que permanece atual, de que os músculos devem ser trabalhados ao longo do tempo, em treinos contínuos. 

A atividade física tem como função inicial auxiliar os praticantes a alcançarem objetivos, como ter mais disposição no dia a dia, perder peso e ganhar massa muscular. A prática física, também, possibilita uma melhor condição para a saúde mental. “A academia me ajudou muito a minha saúde, mais mentalmente do que fisicamente. Quando comecei a treinar, estava em uma fase ruim na vida. E a prática de atividades físicas, sem dúvidas, foi a principal causa para eu conseguir me reerguer”, relata Bernardo Galvani, porto-alegrense, 21 anos, aluno de academia.

Bernardo Galvani utilizando um halter para realizar o exercício

O professor de educação física Alexander Veiga, da academia Práxis, salienta a importância da prática de exercícios físicos para a prevenção de doenças. “Já em relação à saúde mental, estudos mostram a realização das atividades libera hormônios, que são benéficos à saúde, melhoram a autoestima, o ânimo, entre outros”.  

Seguindo esta linha, Lucas Casali, formado em Fisioterapia, alerta que “o exercício aeróbico, combinado com o exercício de força, potencializa muito a perda de peso e perda de gordura. Quando a gente tem uma dieta, a gente consome um número de calorias. E deve-se gastar mais do que aquele número que comemos por dia para conseguir emagrecer”, conclui.  

Este foi um dos motivos para que Carlos Guardiola, aposentado, 60 anos, procurasse uma academia. “A busca por uma atividade física começou devido a um aumento do peso corporal e flacidez muscular. Eu estava insatisfeito com isso e sentindo-me sem incentivo para realizar tarefas comuns diárias. Então, fui levado pela família para aulas de musculação”, relatou. 

A relação entre a prática de exercícios físicos e a manutenção da saúde mental tornou-se um consenso entre os profissionais de saúde. Pesquisas mostram que o exercício físico pode ser um grande aliado para quem sofre do Mal de Alzheimer. Um estudo divulgado pela revista médica Journal of Alzheimer’s Disease descobriu que a atividade física atrasa a perda de memória causada pelo problema. 

Além disto, práticas como caminhar, correr ou andar de bicicleta são determinantes para manter a função nervosa saudável, mesmo com a idade mais avançada. “Existem quatro hormônios fundamentais que são liberados com a prática de exercícios físicos, auxiliando diretamente no combate à ansiedade, estresse e depressão. São eles: (1) Serotonina, ajuda a equilibrar o humor; (2) Dopamina, que proporciona a sensação de prazer, além de ajudar no controle cognitivo, movimentos e memória; (3) Endorfina, que atua como um poderoso analgésico no nosso corpo e alivia o estresse e (4) Ocitocina, conhecida também como hormônio do amor, pois tem uma forte ligação com o sentimento de calma e segurança, e acredito que seja o mais importante para o controle da ansiedade”, afirma o professor.  

“A academia em si a ajuda demais na parte psicológica, mas para as pessoas que estão começando a treinar justamente para sair de uma depressão ou de um momento delicado, seria ideal contar com algum psicólogo”, opina Bernardo. 

O aposentado Carlos Guardiola tem uma sugestão para quem deseja começar a se exercitar: “Um caminho com cinco km começa com um trecho de um metro. Não comece querendo chegar em um passo aos cinco km, mas saiba que de metro em metro você vai conseguir chegar lá”, relata.  

Bernardo Galvani complementa a dica: “O segredo é não desistir. No começo, é muito difícil, têm pessoas que conseguem seguir sem problema nenhum, mas outras sentem muita dificuldade. O que eu diria, para alguém que vai iniciar agora, seria para não desistir, porque o esforço vai valer a pena”, finaliza.