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Um novo sentido para o envelhecer

Iniciativa gratuita da Unisinos promove autonomia e bem-estar entre pessoas idosas, por meio de ações que motivam a viver em movimento e em comunidade

“Isso aqui, para mim, é vida”. É assim que Susana Freitas, de 65 anos, define a experiência de participar do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Pessoas Idosas (Pró-Maior), programa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) que, há cerca de 30 anos, promove o envelhecimento ativo por meio de atividades físicas, educacionais e de convivência. Susana não deixou que o estigma da “terceira idade”, muitas vezes associado ao sedentarismo e à limitação, definisse sua realidade.  

Mais do que disposição física, manter atividade tem impactos diretos na saúde mental. Foi através da mãe que Susana conheceu o projeto e, mesmo após a perda dela, continuou participando das atividades. Fazer parte do Pró-Maior ajuda Susana não só com os problemas nos joelhos que a afetam, mas também a manter uma rotina saudável. “Chega o dia das atividades, eu faço minha rotina de casa e já venho para cá. Eu gosto muito. Por mim, faria todas as atividades”, conta.  

O Pró-Maior é estruturado com a finalidade de contribuir para que a pessoa idosa possa enfrentar as transformações do processo de envelhecimento com autonomia e protagonismo. Ao todo, são 12 atividades, todas gratuitas, e ocorrem de segunda a sexta-feira, no horário da tarde, no Campus de São Leopoldo da Unisinos e em um salão Paroquial na Vila Kennedy. Além das práticas de exercícios físicos, a iniciativa explora outras áreas, como Humanidades e Ciências, Alemão, Gerontologia, Plantas Medicinais e Letramento. A iniciativa também conta com uma parceria com o Projeto EuCidadão, oferecendo oficinas de informática para os idosos do Pró-Maior e da comunidade leopoldense.  

O educador social Airton Luís Schiell coordena as atividades físicas, como pilates, ginástica sentada e jogo de câmbio no Pró-Maior. O professor avalia a evolução dos alunos observando a melhora na coordenação motora e nas interações em grupo. “A atividade física é um bem. Percebemos a evolução quando eles participam com regularidade e persistência. No entanto, é o convívio social que tem o impacto mais significativo. É o convívio social que faz com que eles se sintam bem e retornem às aulas”, afirma.  

Transformação 

O envelhecimento envolve transformações tanto físicas quanto psicológicas. É comum que, nessa fase, ocorra um estreitamento das relações sociais, seja pela perda de entes queridos, seja por mudanças na rotina, como a aposentadoria. Nesse contexto, preservar o convívio social desempenha um papel importante no estímulo emocional e cognitivo. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, pessoas entre 60 e 64 anos são as mais afetadas pela depressão, que atinge cerca de 13% das pessoas dessa faixa etária.  

Quem participa do Pró-Maior desde o início, como a Vilma Silva, sente de perto a importância da iniciativa. Sempre ativa e participativa, Vilma percebe como o programa contribui não apenas para sua saúde física, mas também para o bem-estar emocional. “Eu já passei por uma depressão. Foi quando comecei a participar das aulas de artesanato. Eu ficava lá sentada, costurando um paninho, enquanto escutava elas falando. Aquilo me curou. Em casa, eu não queria costurar. Nas aulas, eu me distraía conversando com as colegas, e costurar me tirou daquele pensamento depressivo”, relata.   

Experiências como as de Vilma e Susana refletem o impacto positivo que atividades coletivas e criativas podem ter na vida de pessoas idosas. O envolvimento em grupos como o Pró-Maior fortalece laços sociais, estimula o cérebro e ajuda a prevenir o isolamento, fatores que são considerados essenciais para manter a saúde mental equilibrada na terceira idade. Assim como elas, cerca de 225 participantes encontram nessas atividades um espaço de acolhimento, aprendizado e superação emocional.  

“Nós somos seres sociais, então precisamos conviver. E, nessa etapa da vida, isso é ainda mais importante, porque a tendência, muitas vezes, é o recolhimento. Justamente por isso o trabalho do Pró-Maior é dar condições para que aprendam a conviver com as diferenças”, explica a gerontóloga Maria Rita Toralles, que coordena a atividade de Gerontologia, abordando o processo de envelhecimento com foco em autocuidado e superação de barreiras etárias.  

Pensar em ações voltadas à população idosa se torna ainda mais importante ao observar os indicadores populacionais. A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica o Brasil como a sexta nação com maior número de idosos, isso porque, o país possui cerca de 33 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda de acordo com dados do IBGE, o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com maior proporção de pessoas com 65 anos ou mais, chegando a 14,1%.   

Nas aulas, os participantes aprendem não apenas sobre ginástica, música ou plantas medicinais, mas também sobre si mesmos, descobrindo novas formas de viver essa fase com leveza, aprendizado e propósito. No Pró-Maior, o ensino é uma via de mão dupla: quem participa não só aprende, mas também ensina que a vida não deve parar depois dos 60. 

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