Dados de junho da Anatel mostram que são 11,5 milhões de usuários do serviço no Brasil
Mesmo com o recuo do setor, os valores da TV por assinatura seguem subindo. O aumento registrado em setembro foi de 14,5% em Porto Alegre e região metropolitana, se comparado à 2022. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), gerenciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Nas outras nove capitais analisadas pelo IBGE, esse índice se mantém aproximadamente no mesmo patamar.
De 2002 até junho deste ano, o período em que a Agência Nacional de Telecomunicações mais registrou assinantes foi em 2014. Naquele ano, havia 19,6 milhões de assinantes de TV paga, segundo dados da Anatel. No entanto, em 2023, esse número caiu para 11,5 milhões, o menor desde 2011, o que representa uma redução de 41% na base de clientes.
Além da alta no preço, o encolhimento de assinantes também pode ter sido motivado pela popularização dos serviços de streaming.
O mestrando em planejamento urbano Yuri Taraciuk, por exemplo, morador de Gravataí, conta que na casa onde mora com a mãe e a irmã, foram dez anos de tv paga. Em 2020 a família decidiu cancelar o serviço. O motivo, segundo ele, foi o custo-benefício, já que a maioria dos canais e programas assistidos estavam disponíveis no Globoplay. “Nós calculamos os preços, e saía mais em conta assinar vários streamings ao invés de manter o pacote da Sky”, explica.
Yuri relata que, em certo momento, a família chegou a assinar cinco streamings simultâneos, antes de os serviços também apresentarem aumento nos preços. O estudante aponta também que alguns têm a vantagem de oferecer benefícios extras. A assinatura do Prime Video, por exemplo, garante descontos em compras e entregas da Amazon. Já o combo Disney+ e Star+ pode ser obtido através de assinatura do site Mercado Livre.
A concorrência inclui a pirataria
Inicialmente, os streamings se limitavam a disponibilizar filmes e séries em seus catálogos. Hoje, alguns também transmitem eventos ao vivo, como partidas de futebol e shows de música, além de produções próprias e exclusivas. Além disso, a disseminação dos aparelhos piratas, conhecidos como TV Box, também impactam o setor.
A reportagem da Beta Redação entrou em contato com a assessoria de imprensa da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) solicitando entrevista com algum representante do órgão para comentar sobre a dimensão desse impacto.
Por meio de nota, a ABTA respondeu que, com base em dados da Anatel e do IBGE, cerca de 6 milhões de lares acessam canais de TV por assinatura de forma clandestina. A associação estima que isso representa uma perda de R$ 12 bilhões para o setor anualmente. Além disso, outra pesquisa encomendada pela ABTA aponta que 34% dos internautas brasileiros com mais de 16 anos (aproximadamente 47 milhões de pessoas) consomem conteúdo de TV por assinatura por um ou mais meios piratas. O levantamento foi feito pela Mobile Time/Opinion Box.
Em outubro, a Anatel realizou uma operação que bloqueou 80% de aparelhos que transmitem sinal de TV a cabo ilegalmente. Em relação ao trabalho em parceria com agentes públicos, enviou a seguinte nota:
“A ABTA mantém Acordos de Cooperação com a Anatel desde 2021. Os primeiros estudos técnicos identificaram riscos de roubo de dados dos usuários por TV boxes piratas. Em setembro de 2023, a Anatel inaugurou, em parceria com a ABTA, um laboratório de análises de equipamentos e outros meios que possam fraudar a distribuição de canais de TV por assinatura. A ABTA e as empresas do setor de TV por assinatura atuam no monitoramento das atividades piratas, colaborando com as autoridades públicas encarregadas do combate a operações ilegais: Anatel, Ancine, Receita Federal, Polícia, Ministério Público e Justiça”.