De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, uma em cada 15 pessoas com útero possuem a enfermidade

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um quadro hormonal que provoca alta na produção de hormônios masculinos em pessoas com ovários. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, uma em cada 15 pessoas com útero possuem a enfermidade, e 50% a 70% das pacientes diagnosticadas possuem quadros de resistência insulínica, que é a causa de irregularidade menstrual em 85% das mulheres.

Entre os principais sintomas da síndrome estão a irregularidade do ciclo menstrual, hirsutismo (surgimento de pelos em locais inesperados, por exemplo, barba em mulheres cisgênero), acne e ganho de peso. O distúrbio também pode causar resistência insulínica, que pode levar a um quadro diabético, e infertilidade.

Nas redes sociais, a influenciadora digital Andréia Paixão, 30 anos, explica que descobriu ter SOP após uma consulta médica. Entre os sintomas que percebeu estavam a irregularidade menstrual e a presença de pelos faciais. “Eu pesava 110kg e, na tentativa de perder peso, comecei a tomar chás, garrafadas [misturas caseiras de ervas], e sentia muita, muita cólica. Uma amiga que estuda Medicina me falou sobre consultas grátis. Então fui nessa consulta bem peluda, barbuda, para que o médico visse os pelos em todas as regiões. O doutor me passou vários exames. Eu não tinha plano de saúde e não lembro como, mas dei um jeito de arrumar o dinheiro… Só sei que fiz os exames e levei para ele. Ele viu os resultados e disse: ‘Como eu desconfiava, você tem Síndrome dos Ovários Policísticos'”, conta Andréia – confira o relato completo em vídeo no Instagram da blogueira.

Para a especialista em ginecologia endócrina da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre Chrischelle Valsoer, a SOP é a endocrinopatia mais recorrente entre as mulheres. “Temos dois cenários. O primeiro é quando as pacientes vêm com queixas que levam a esse diagnóstico, como menstruações espaçadas ou a ausência de menstruação, muita acne, pele oleosa e aumento de pelos. O outro caso é quando elas chegam dizendo que já receberam esse diagnóstico no passado e desejam fazer o acompanhamento”, afirma.

De acordo com a médica, também é possível reverter os quadros de infertilidade causados pela síndrome. “Como elas menstruam pouco, isso significa que têm ciclos menstruais mais longos, portanto, a chance de engravidar é menor. Após uma investigação, é possível oferecer um bom tratamento para induzir a ovulação na paciente”, acrescenta.

A ginecologista explica ainda que outros sintomas, como a irregularidade menstrual, a oleosidade da pele e a acne, podem ser tratados com o uso de pílulas anticoncepcionais. “Não é recomendável utilizar esse tipo de medicação sem orientação médica, devido aos possíveis efeitos colaterais”, completa.

Nota: A expressão “pessoas com útero” foi adotada na reportagem em respeito às pessoas transmasculinas, não-binárias ou intersexo, que possuem sistema reprodutor ovariano e podem ser afetadas pela Síndrome dos Ovários Policísticos. Este conteúdo não se refere à alteração hormonal provocada por terapia masculinizante destinada às pessoas transgênero.