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São Leopoldo recebe primeiro campeonato de calistenia e coloca esporte de rua em evidência

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Nathália dos Santos Rodrigues
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Lia Kirch da Silva
Atleta Elias e Bruno realizando barra juntos.
Atleta Elias e Bruno realizando barra juntos.

De barras fixas improvisadas em praças até arquibancadas montadas sob a sombra das árvores, a calistenia conquistou seu primeiro palco oficial em São Leopoldo. O primeiro Campeonato de Calistenia de São Leopoldo, realizado no início de agosto no Parque do Trabalhador, reuniu dezenas de competidores e colocou a cidade no mapa de uma prática que cresce no país — um torneio que, mais do que definir vencedores, firmou um marco para a cultura esportiva de rua.

A estreia não foi modesta: mais de 40 inscritos, cerca de 30 competindo efetivamente e um público de 200 pessoas que circularam ao longo do dia pelo local. O evento foi articulado pelos atletas Elias Felipe, Bruno Klein e pelo diretor do parque, Fernando Silveira, com direito a medalhas, troféus e narração animada para quem acompanhava os movimentos.

Elias, 25 anos, que há cinco vive a calistenia como estilo de vida, é gerente do restaurante Qitemaki, na Unisinos, e, nos fins de semana, lidera treinos coletivos e eventos da modalidade. Ele explica por que a modalidade conquista cada vez mais adeptos:

“Na academia dependemos de máquinas e pesos extras. Já na calistenia, o corpo é a própria resistência. Com técnica e disciplina, dá para treinar em qualquer lugar, e o resultado não fica só na força: vem equilíbrio, saúde articular, consciência corporal.”

Elias foi o narrador… O tom didático de Elias contagiava quem assistia, explicando ao mesmo tempo em que narrava. “No fim, a pessoa acredita que pode qualquer coisa: do pingue-pongue ao futebol, de uma caminhada a um treino avançado”, completou o atleta.

Espaço público como aliado

Para o diretor do Parque do Trabalhador, Fernando Silveira, a competição representa só o início de um movimento maior:

“São Leopoldo está prestes a viver uma guinada nos esportes de rua. A calistenia e o bicicross têm tudo para fortalecer os espaços públicos e aproximar a comunidade.”

A fala ecoa o espírito de quem passou pelo evento: famílias curiosas, atletas experientes e jovens que descobriram ali uma nova forma de treinar.

A rotina fora do campeonato

O torneio foi apenas a vitrine. A vida cotidiana da calistenia na cidade acontece aos sábados, no fim da tarde, e aos domingos pela manhã, em frente ao Ginásio de Futsal Padre Reus. Ali, a dinâmica é menos de competição e mais de convivência. Elias Felipe descreve a filosofia do treino: “Com técnica e disciplina dá para evoluir em qualquer lugar”.

O resultado, de acordo com o esportista, vai além do físico: “Força, consciência corporal, equilíbrio, saúde articular. A cabeça também agradece: disciplina, autoestima e convivência.”

Como foi a disputa

O torneio se dividiu em três modalidades:

  • Resistência: Cinco exercícios em sequência (barra fixa, paralelas, flexões, agachamento e abdominal), com 30 segundos para executar o máximo de repetições. Barra, paralela e flexão valeram 1 ponto e agachamento e abdominal valeram 0,5.
  • Força: Repetição única com carga extra, em movimentos como barra fixa e paralela, usando cinturões com anilhas.
  • Freestyle: 90 segundos para apresentar um “combo” de movimentos livres — acrobáticos, criativos e de alto impacto visual.

“O momento em que os atletas apresentaram os combos foi emocionante, a galera aplaudia de pé”, relatou Elias com orgulho do feito.

Bruno Klein, 21 anos, coordenou narração e pontuação ao lado de avaliadores convidados. O balanço dele é de quem viu a chave virar: a competição “tirou a prática da bolha”, aproximando curiosos e iniciantes. Fernando Silveira, do Parque do Trabalhador, projeta o próximo passo: ocupar o espaço público com modalidades que pedem pouco equipamento e entregam muito pertencimento. “A cidade está pronta para uma guinada nos esportes de rua — calistenia e bicicross puxam a fila.”

Da arena ao cotidiano

Acabou o torneio, segue o movimento. Os treinos comunitários acontecem aos sábados, à tarde, e aos domingos pela manhã, em frente ao Ginásio de Futsal Padre Reus. O grupo leva o básico: elásticos, colete de peso, paralelas portáteis e corda para aquecer.

“É quando a nossa “tribo” se encontra. Um aprende um movimento, o outro ensina. Tem dias que treinamos com dois, três outros com sete. O importante é estar junto”, diz o atleta Elias.

Para quem chega agora, o mapa é claro: aquecimento e mobilidade primeiro, depois a base bem feita.

“Muita gente olha para a prática da calistenia e imagina coisas impossíveis”, brinca Elias.

“Começa com prancha isométrica, agachamento a 90°, flexão com joelhos apoiados, paralelas assistidas com banda elástica. Consistência vence pressa.” A lógica é de progressão: do simples ao intermediário, até os estáticos que viralizam vídeos. “Quando a motivação oscila, a disciplina segura a barra — literalmente.”

Por que fisga tanta gente

A modalidade pega carona em três trunfos. Acessibilidade: dá para treinar no parque, na praça, no pátio. Variedade: uma sessão bem montada trabalha múltiplos grupos musculares em poucos movimentos, elevando o cardio sem esteira. Comunidade: diferente do treino solitário, aqui o ambiente puxa junto — e isso aparece em quem volta semana após semana.

O campeonato reuniu perfis variados, do iniciante ao avançado. A plateia, distribuída entre sombra de árvore e arquibancada improvisada, aprendeu a torcer em poucos minutos: contagem em coro nas últimas repetições, celulares gravando os combos e a cena clássica da modalidade — a mão no ombro do rival que virou parceiro de treino.

Como acompanhar

  • Campeonato: Parque do Trabalhador (realizado recentemente; nova edição em planejamento).
  • Treinos abertos: em frente ao Ginásio de Futsal Padre Reus, sábados (fim de tarde) e domingos (manhã).
  • Como participar: chegar, aquecer e somar. O grupo não vende aulas nesses encontros; a proposta é colaborativa e gratuita.
  • Organização: Elias Felipe e Bruno Klein, com apoio do diretor Fernando Silveira.

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