Apesar de possuir política que incentiva a reciclagem, Colégio Estadual Farroupilha ainda realiza descartes incorretos

Localizado no município de Farroupilha, na Serra Gaúcha, o Colégio Estadual Farroupilha realiza anualmente o evento “Recicriar”. A iniciativa traz a reciclagem de resíduos como tema principal, movimentando a criatividade dos alunos na criação de fantasias produzidas a partir da reutilização de garrafas pet, sacolas plásticas, tampinhas e outros materiais.

A professora de química e biologia da escola, Joice de Almeida, é a idealizadora e coordenadora do projeto. Ela destaca que a iniciativa foi criada em 2002 e demanda esforços criativos, educação ambiental e trabalho em equipe de alunos de todos os turnos. De acordo com ela, a ideia é transformar os materiais que comumente seriam descartados em obras de arte.

Joice relata que, durante a atividade, muitos alunos reavaliam seu modo de enxergar o lixo, tomando mais cuidado no momento da separação dos resíduos. Um dos principais motivos para a crescente conscientização dos estudantes em relação à reciclagem é que o projeto prevê a realização de uma pesquisa científica que produz conhecimentos em torno dos efeitos nocivos do descarte incorreto no meio ambiente.

Além disso, a professora aponta que os estudantes participam de saídas de campo para visitar o lixão da cidade. Nesse dia, eles compreendem em detalhes como é feita a separação dos resíduos, assim como a importância da reciclagem e do trabalho dos recicladores.

Assim como a coordenadora, o diretor do Colégio, Vandré Fardin, conta que o incentivo à reciclagem é um projeto desenvolvido de forma contínua ao longo do ano acadêmico, indo além das ações promovidas pelo “Recicriar”. O diretor pontua que os alunos da escola conseguem desenvolver uma visão ampla de todo o processo, compreendendo as formas de descarte do lixo, o processo de separação e as possibilidades de reutilização dos materiais.

Vandré aponta que a escola se preocupa com o debate a respeito do lixo. Segundo o diretor, o assunto está presente nas salas de aula para dar exemplo aos alunos e fazer com que eles aprendam a cuidar do meio ambiente de maneira prática, não se restringindo somente à teoria.

“A gente se preocupa com a educação do aluno. Após a escola, temos que ter certeza que ensinamos a fazer o descarte e a reciclagem corretamente”, sinaliza Vandré.

Até os detalhes das fantasias são produzidos com material reciclável. (Foto: Joice de Almeida/Colégio Estadual Farroupilha)

Bruno Balbinot, de 21 anos, estudou por 3 anos no Colégio Estadual Farroupilha e participou ativamente das atividades do “Recicriar”. Ele conta que não se importava em fazer o descarte correto dos resíduos, mas, ao participar do projeto, entendeu a necessidade de reciclar, além de perceber a importância que essa ação tem para o desenvolvimento do trabalho dos recicladores.

“O trabalho me mostrou que, além de reciclar, é importante ajudar quem ajuda o planeta”, destaca Bruno.

Já o estudante Giovanni Vassoler, de 17 anos, passou pela experiência apenas uma vez, mas percebe que o comportamento dos alunos do colégio em relação ao descarte tornou-se mais consciente.

Descarte impróprio

Por mais interessante que seja a proposta do “Recicriar”, o Colégio Estadual Farroupilha apresenta problemas no momento da separação dos resíduos. Vandré salienta que a dificuldade não está no incentivo e na educação em relação ao tema, visto que a instituição dispõe de uma política de reciclagem, assim como normas de descarte, que estão devidamente expostas em todos os ambientes da escola.

O descarte incorreto, de acordo com o diretor, parte de funcionários que, apesar das instruções para o correto recolhimento e separação dos materiais, não o fazem. Ele relata que os professores trabalham para a educação dos alunos e são instruídos a dar exemplo na separação.

“Todos os funcionários possuem instruções e orientações, mas o pessoal acaba não obedecendo e, de certa maneira, influenciando alunos e alunas”, relata Vandré.

O diretor entende que há necessidade de realizar advertências para que o descarte seja realizado corretamente, além de mostrar que a limpeza dentro da instituição é responsabilidade de todos, não apenas de quem está envolvido no projeto. Por fim, ele lembra a importância dos recicladores no espaço social, colocando estes trabalhadores como referência em relação aos cuidados ambientais.