Pedro Diogo é gaúcho de Porto Alegre, tem 28 anos e durante boa parte da vida fez parte do grupo de adultos que não aprendeu a andar de bicicleta. De acordo com uma pesquisa da Ipsos, realizada em 2022, cerca de 42% dos brasileiros não sabem pedalar. Seja por falta de acesso ou o simples medo de cair, muitas pessoas não encontram na bike uma opção de esporte, lazer ou mobilidade.
Aprender a andar de bicicleta na vida adulta envolve não apenas a superação do medo físico, mas também a luta contra a autoimagem negativa. Muitas pessoas que iniciam essa jornada buscam apoio de amigos ou professores.
Enquanto muitos começam por lazer, diversão ou pelo esporte, Pedro teve um incentivo diferente. Foi através de um conselho de sua terapeuta que o jovem encontrou na bicicleta a possibilidade de combater as crises de ansiedade, além de uma melhor qualidade na saúde física e mental. Aos 26 anos, conheceu o projeto voluntário Bike Anjos, que busca ensinar pessoas de todas as idades a pedalar.
Apaixonado por videogames, Pedro teve seu processo de aprendizagem marcado por analogias com os jogos, classificando a nova experiência como um grande desafio. “Demorou um pouco, em cerca de 3 meses aprendi a pedalar”, diz, ressaltando que suas maiores dificuldades foram o equilíbrio e a pressão das pessoas em sua volta.
Aprender a pedalar é pode ser uma jornada que combina autoconhecimento, superação e transformação. Apesar da pressão social, aqueles que se aventuram a pedalar frequentemente descobrem que a experiência vai muito além do simples ato de subir na bike. O processo de aprender a andar de bicicleta fez com que a rotina de Pedro e sua percepção do esporte mudassem completamente.
“É um tempo interessante, porque eu ficava muito em casa. Pedalando tu sente o vento no rosto, uma sensação que não se sente quando está parado. Coisas que eu não faria no passado, hoje eu faço com a bicicleta. Sou mais livre pra sair de casa por esse meio”, ressalta.
Após sua experiência na Bike Anjos, Pedro Diogo decidiu compartilhar o aprendizado candidatando-se como voluntário no projeto, onde hoje ensina outras pessoas a pedalar. Ele acredita que seu processo de aprendizagem veio na sua busca por pontos de referências pessoais, mas no seu trabalho como professor é necessário entender as dificuldades dos alunos. “Tem questões que são gerais, várias pessoas passam, e outras são bem mais especificas. Sempre encontro algo novo, uma nova dificuldade que a pessoa pode ter. Nunca pensei que fosse ser tão bom ensinar, tenho gostado mais do que imaginei.”
Apesar da satisfação em ensinar, Pedro ainda enxerga a bicicleta como um lazer, mas tem planos de transformar o hobby em esporte, participando de trilhas e pedaladas em meio à natureza. O desafio pessoal do jovem reforça que foi uma oportunidade de crescimento, liberdade e, acima de tudo, de que nunca é tarde para aprender a começar algo novo.