Preço das corridas por aplicativo na capital gaúcha aumentam, mas representantes da categoria afirmam receber menos por quilômetro rodado
De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPC-A), do IBGE, os custos das corridas para os passageiros tiveram alta expressiva, de 16,44% em Porto Alegre em setembro deste ano. Em nível nacional, a alta constatada no mesmo mês foi de 4,61%. Apesar da elevação no valor da tarifa, os motoristas afirmam não ter recebido reajuste significativo.
O motorista de aplicativo Eliéser Correia afirma ter sentido o aumento do preço dos combustíveis, o que representa mais de um terço de seus lucros com o aplicativo. “No mês, para mim, dá R$ 8 mil [em corridas]. Desses R$ 8 mil, eu tiro R$ 3 mil para a gasolina. Pego todas as corridas, sendo elas de valor baixo ou alto. Busco todas, porque se o passageiro chamou, ele está precisando”, complementa. A meta de ganhos estipulada pelo motorista é de R$ 300 nos dias úteis e R$ 500 aos finais de semana.
No site do aplicativo Uber, a informação é que os ganhos para os motoristas em Porto Alegre giram em torno de R$ 968 por semana, considerando 30h trabalhadas por semana e R$ 2 em extras. A plataforma inclui uma observação, mencionando que os custos com combustível, aluguel e manutenção dos veículos não fazem parte do cálculo. Esses gastos são custeados pelo motorista. Não foi possível localizar informações no site sobre a porcentagem em cima do valor das corridas que é descontada dos motoristas pela plataforma.
No site da 99, o ganho estimado é um pouco menor, R$ 898,28 por semana trabalhada, dentro da mesma carga horária. Os motoristas cadastrados devem repassar até 19,99% do valor das corridas para o aplicativo.
A presidente do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do Rio Grande do Sul, Carina Trindade, afirma que os descontos para os motoristas sobre valores cobrados dos usuários são superiores aos informados pelas plataformas.
“Os valores de desconto deles chega a 70% sobre a corrida. As plataformas chegaram no Rio Grande do Sul em 2015 e, desde então, nós nunca tivemos aumento real, muito pelo contrário. Os aplicativos pagavam R$ 1,40 ou R$ 1,50 por quilômetro rodado quando chegaram no Estado. Hoje, o valor chega a ser R$1,00. Algumas corridas saem por R$0,90 o quilômetro rodado. Desconheço motorista que teve aumento efetivo nas corridas, somente baixa mesmo”, enfatiza.
A sindicalista também analisa as despesas relacionadas à atividade. “Os valores da manutenção, combustível e peças aumentaram muito, hoje são em torno de 80% das despesas efetivas que o motorista tem. Trinta e cinco por cento é combustível, e o resto é manutenção”, disse.
De acordo com os dados do IPC-A, os combustíveis tiveram alta de 2,88% em Porto Alegre no mês de setembro, superando a média de inflação nacional, de 2,70%. De setembro do ano passado até setembro deste ano, a alta registrada no preço dos combustíveis na capital gaúcha é de 18,88%. Em nível nacional, o aumento no mesmo período foi de 13,42%.
O atual preço médio da gasolina comum no Brasil informado pela Petrobrás é de R$ 5,69. Para o Rio Grande do Sul, o preço médio informado é de R$ 5,61, ligeiramente abaixo da média nacional. Além do combustível, itens indispensáveis para a manutenção dos carros, como óleo lubrificante, tiveram aumento de 0,53% e acessórios e peças para os veículos, 3,34% no período de setembro de 2022 a setembro deste ano.