Preço médio na bomba na capital alcançou a marca de R$ 5,49 por litro em setembro 

A gasolina está pesando mais no bolso do porto-alegrense em 2023. Com base na variação anual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi observado aumento de 19,45% nos preços do combustível na cidade de Porto Alegre e região metropolitana neste ano. Essa escalada de preços se mostra ainda mais evidente quando é examinada a variação recente, uma vez que, no mês de setembro, a gasolina apresentou um incremento de 2,57%. 

No decorrer do ano de 2023, destacaram-se dois momentos de expressivo aumento nos preços do combustível. Em março, os consumidores enfrentaram uma significativa alta de 10,63%, seguida de perto por julho, quando o aumento foi de 6,98%. Os únicos dois meses que trouxeram algum alívio foram abril e maio, quando houve uma deflação de 2,40% e 2,30%, respectivamente. 

Essa alta de preços se refletiu diretamente nas bombas dos postos de gasolina, tendo impacto significativo na mobilidade urbana. Uma das consequências foi, por exemplo, o aumento dos custos das viagens de transporte por aplicativo, pelo consequente repasse destes acréscimos de despesas para os consumidores. 

— Deu para notar a diferença. A empresa aumentou um pouco as tarifas das corridas, mas, dependendo de onde abastecemos, às vezes não compensa — relata Vitor Rodrigues, 28, motorista por aplicativo que já tem dois anos de experiência na área. 

Para alguns consumidores, o impacto maior se deu no início do segundo trimestre de 2023, quando as alíquotas dos impostos federais e estaduais voltaram a ser cobradas após terem sido zeradas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante as eleições anteriores. 

— Foi uma época em que o preço disparou. Cheguei a pagar quase R$ 1 mais caro por litro. Ali foi onde pensei duas vezes antes de usar o carro. Depois, o valor se manteve estável, na faixa dos R$ 5,50, não passou muito disso — relatou Ranieli Barcelos,29, analista de informática. 

Entenda o preço da gasolina 

O preço da gasolina é composto por uma estrutura de cinco componentes distintos. A maior fatia, correspondendo a 36,6% do valor, é atribuída à Petrobras. Em seguida, na etapa da distribuição e revenda se acrescenta 17,5% ao preço. A parcela de 11,9% é destinada ao custo do etanol anidro, o qual é incorporado a gasolina para baratear o combustível, otimizar sua combustão e minimizar a emissão de poluentes. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de natureza estadual, representa 21,7% do preço final. Por fim, os impostos federais, incluindo Cide, PIS e Cofins, totalizam 12,2% do valor da gasolina.

Os cinco componentes do valor da gasolina.

Alta em Porto Alegre 

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio de revenda por litro de gasolina em Porto Alegre atingiu em setembro a marca de R$ 5,49, com o valor mínimo registrado a R$ 5,15 e o máximo a R$ 5,99. Esses números representam um aumento de R$ 0,55 por litro em comparação ao valor médio de revenda de janeiro, que era de R$ 4,94 por litro, com o preço mínimo observado em R$ 4,79 e o máximo atingindo R$ 5,39. 

Além do aumento nos impostos federais e estaduais, João Carlos Dal’Aqua, presidente da Sulpetro-RS, aponta que as distribuidoras desempenham um papel relevante na elevação do preço da gasolina para o consumidor. Segundo ele, a concorrência entre os postos de gasolina também exerce influência sobre o valor final. 

— Quando adquirimos a gasolina de uma distribuidora, é possível que nos repassem um preço até cinco centavos mais elevado, justificando um aumento no custo do álcool anidro, algo que raramente conseguimos verificar. Ficamos, em grande parte, à mercê dessa situação. Embora a volatilidade atual seja menor, os preços permanecem elevados por causa dos impostos e da competitividade do mercado — explica João. 

Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o álcool anidro é usado como aditivo em combustíveis, sendo composto por 99,5% de álcool puro e 0,5% de água.