Sentimentos que afloram no momento de uma partida começam na infância

No país do futebol, desde cedo o pai transmite aos filhos a paixão pelo esporte. O amor por um clube começa a surgir quando você ainda é pequeno e pouco sabe sobre o assunto, a exemplo de quando vesti a roupa com o símbolo de um time ainda na maternidade. Depois, esse sentimento cresce com a ida aos estádios e com os churrascos em família para assistir uma partida especial. Junto com as comemorações também vem as decepções, como um vice-campeonato e o primeiro choro por um jogo importante. Nem sempre o time do coração se consagra.

A psicóloga Gabriela Pillar, 28 anos, explica que o choro é uma concretização da emoção. “O ser humano possui cinco emoções básicas: tristeza, alegria, raiva, medo e nojo. Podemos chorar por todas essas emoções. O choro, na verdade, é só a forma de expressão deste sentimento. No caso do futebol, tem pessoas que vão chorar pelo esporte de acordo com a emoção que causou nela”, comenta.

Renan Jardim, jornalista de 36 anos, lembra que sua primeira emoção transformada em lágrimas aconteceu na Copa do Mundo de 1994, quando o Brasil conquistou o tetracampeonato contra a Itália em disputa de pênaltis. Ele conta que seu ídolo da época era o goleiro Taffarel. “Eu também queria ser goleiro”, destaca. No dia da final, Renan lembra que a família se reuniu para ver o jogo e que chegou a ter febre na prorrogação. “Eu tinha 9 anos e minha mãe não queria que eu olhasse mais o jogo porque eu iria ficar doente de nervoso”, afirma.

Carmelito Bifano, 52 anos, relata que já chorou de tristeza no futebol, ae exemplo de quando o Brasil foi derrotado na Copa do Mundo de 1982. “A gente tinha um timaço e a mídia do país vendeu o peixe de que seria fácil. Sem contar nos craques como Zico, Sócrates, Falcão e outros tantos. O time sucumbiu justamente pela ideia mágica de que basta ter jogadores bons e ofensivos que se conquistaria títulos. Perdemos e fiquei mais três edições esperando pela primeira conquista do Brasil na minha vida na principal competição mundial”, conta.

De alegria, também teve choro. Carmelito relembra que a conquista do mundial do seu time do coração, o Grêmio, lhe arrancou lágrimas de emoção. “Apesar dos amigos programarem um churrasco para assistir juntos, tinha muito medo de uma derrota. Então, fiquei em casa sozinho. O clube venceu e quase ‘morri’ chorando”, destaca.

Carmelito atua no jornalismo esportivo e tem contato com o esporte diariamente (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Ruan Nascimento, 31 anos, o primeiro momento que o fez chorar pelo futebol foi protagonizado na Copa do Mundo de 1998. “Como eu sabia que o Brasil era o atual campeão, aquele time para mim era incrível. Eu achava que o Brasil sempre venceria. Que era uma seleção infinitamente superior a qualquer outra”, enfatiza. Porém, na final entre Brasil e França as lágrimas de tristeza brotaram. “ Minha fantasia de criança caiu, porque o Brasil não só não era imbatível, como tinha perdido de 3 a 0”, relata.

Muitos dizem que o futebol é uma caixinha de surpresas. Nunca sabemos o que pode acontecer quando a bola rola. Logo, podemos dizer que durante os 90 minutos a nossa emoção também se transforma nessa caixinha, podendo dali surgir todo tipo de emoção.