De acordo com o Sindicato Rural de Porto Alegre, a produção da fruta na capital gaúcha chegou a 170 toneladas em 2022

Feira do Pêssego ocorre no Mercado Público de Porto Alegre durante os meses de novembro e dezembro.

Crédito: Vinny Vanoni/PMPA

Um dado relativamente desconhecido para a maioria da população é que Porto Alegre ostenta a segunda maior área de zona rural entre as capitais do país, perdendo apenas para Palmas, no Tocantins. Conforme o plano diretor, atualizado em 2015, são cerca de 9 mil hectares na zona sul, entre áreas preservadas e produtivas. Uma das principais contribuições da produção rural de Porto Alegre é a safra de frutas, com destaque para o cultivo de pêssegos, ameixas e uvas. De acordo com o Sindicato Rural de Porto Alegre, a produção de pêssegos na capital gaúcha chegou a 170 toneladas em 2022, enquanto neste ano, a safra de uvas atingiu a marca de 130 toneladas, e a colheita de ameixas ultrapassou as 90 toneladas.

Em relação a números gerais, Porto Alegre foi responsável por 1.113,39 toneladas de frutas, ocupando a 42ª posição entre os municípios fornecedores do RS. Já em faturamento, a cidade ocupa o 31º lugar, com a receita de R$ 3.377.148,10, em razão do maior valor dos itens vendidos na Capital. Os dados são do levantamento mais recente, realizado em 2018 pelo Ceasa/RS.

Colheita de 2023

Entretanto, a colheita de 2023 foi prejudicada tanto pela estiagem no começo do ano, quanto pela chuva que castigou o Rio Grande do Sul no mês de setembro. É o que relata a produtora familiar Giordana Piber e seu pai, Ildemar José, que mantém uma propriedade de 10 hectares no bairro Campo Novo, na zona sul da Capital, onde cultivam flores e frutas: pêssego, ameixa, uva e melão, dentre outras.

De acordo com Ildemar, a produção de pêssegos deste ano deve ser menor que nos anos anteriores, em razão do excesso de chuvas. Segundo ele, por causa da floração fraca, somada a grande quantidade de chuva, que faz com que os pêssegos menores caiam antes da hora, a perda na safra pode chegar aos 40%.

— Esse ano vai ser mais complicado, eu acho que todo mundo vai sofrer — declarou.

Mesmo com as dificuldades, os produtores garantem que a Feira do Pêssego irá ocorrer normalmente neste ano. A venda da fruta ocorre em bancas no Mercado Público de Porto Alegre, no Centro Histórico, durante os meses de novembro e dezembro.

Além de pêssegos das variedades fla, premier, pit, campai, libra, eldorado e sulina, são oferecidas ameixas, tortas de cereja, melões e flores naturais e secas. Cada caixa com as frutas, de aproximadamente um quilo, custa a partir de R$ 5. O valor pode variar dependendo do tamanho e da qualidade do produto.

Estiagem

Se o excesso d’água é prejudicial para a colheita, a falta dela é tão ruim quanto, relata Giordana, que está na terceira geração de produtores na área rural de Porto Alegre. A agricultora conta que o cultivo de bergamota e melão, frutas que são colhidas no início do ano, foi afetado pela estiagem que assolou o RS entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.

— A estiagem atrapalhou a colheita. Vendemos bem, mas a safra rendeu bem menos do que era para render. Tivemos pés que secaram por completo — contou.

Giordana explica ainda que, por conta da estiagem, houve uma colheita tardia da bergamota pocã, fruta que, anualmente, rende cerca de 100 mil toneladas, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

— No começo do ano, tivemos que praticamente escolher qual bergamoteira molhar, devido à falta d’água. Por isso, houve uma pausa no ciclo da fruta. Em outubro, estamos tendo uma colheita tardia. A qualidade da bergamota está boa, mas ela floresceu mais tarde que o normal. O excesso de água é ruim, mas a falta dela também é um problema — detalhou a produtora.

Ela lamenta ainda outra intempérie do tempo: a falta de frio em 2023. De acordo com a agricultora, os poucos dias de baixas temperaturas em Porto Alegre fizeram mal para a produção de pêssego da família.

— Ele (o pêssego) não reproduz bem sem o frio. Além disso, esse clima de umidade com calor é o cenário perfeito para proliferação de pragas como a mosca, que hoje temos poucos recursos para extinguir de forma 100% eficiente — completou Giordana.