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Da demissão ao próprio negócio

Entre desafios, clientes conquistados e liberdade para viver no ritmo que deseja, Maísa Silva conta como empreender mudou tudo

No ritmo acelerado das redes sociais, a atuação do social media se tornou uma peça-chave para qualquer estratégia de comunicação. O que antes era visto como simples gerenciamento de perfis hoje envolve planejamento, análise de métricas, construção de autoridade e compreensão do impacto econômico que a presença digital exerce sobre marcas e instituições. É uma área que cresce, se profissionaliza e redefine a forma como empresas dialogam com seu público, sempre guiada por resultados, consistência e propósito. 

A realidade profissional de Maísa Andrielly da Silva mudou completamente quando ela deixou o regime CLT e migrou para a atuação como pessoa jurídica como social media. Acostumada ao trabalho formal desde os 18 anos, passando por funções que vão do atendimento ao público ao setor administrativo e estágios. Maísa foi descobrindo, na prática, o que realmente gostava de fazer. Essa trajetória ganhou um novo rumo ao ser contratada em uma empresa de consultoria de energia solar. 

Aos 22 anos, Maísa Andrielly saiu do CLT para trabalhar como MEI. LARISSA SCHNEIDER/BETA REDAÇÃO

A virada de chave na trajetória de Maísa Andrielly da Silva não veio apenas com a migração do CLT para o modelo PJ, mas com a descoberta de um talento que ela mesma nunca imaginou ter: a criatividade. Contratada inicialmente como auxiliar comercial em uma empresa de consultoria de energia solar, Maísa começou quando tinha tempo livre nas suas demandas a auxiliar na produção de materiais de cursos e apresentações, um trabalho que, aos poucos, despertou nela um interesse novo e inesperado. Incentivada pela equipe, passou a criar peças, cards e artes que antes eram responsabilidade exclusiva do marketing. Nesse processo, ela foi descobrindo uma habilidade que nunca tinha associado a si mesma. Vinda de funções mais técnicas e carregando a lembrança de ter detestado as atividades de arte na escola. Maísa se viu, pela primeira vez, confortável em um trabalho que exigia criação. “Parecia que eu finalmente tinha encontrado alguma coisa que eu era boa, sabe? Algo que eu nunca imaginei que seria”, lembra. A cada novo material produzido, ela via progresso e, junto com ele, a certeza de que estava entrando em uma área que realmente fazia sentido para sua trajetória. 

Apesar de ter construído sua carreira até ali em ambientes corporativos, Maísa sempre soube que não se encaixava na rotina tradicional de escritório. O formato engessado, as horas sentada diante de uma mesa e a repetição diária lhe causavam desconforto, uma sensação de estar presa a algo que não dialogava com seu modo de trabalhar. “eu não gostava daquele formato de trabalho, a sensação de ter alguém dizendo a hora que eu iria almoçar, eu queria fazer meus próprios horários” recorda. 

O ponta pé para a mudança do CLT para o PJ veio quando após a enchente de maio de 2024, a incerteza sobre se os contratos que a empresa tinha se manteriam com o atual cenário que o estado se encontrava, levou a empresa demitir Maísa, junto com alguns colegas. 

Depois da demissão, Maísa sabia que não queria voltar ao CLT, mas ainda buscava uma forma clara de transformar sua habilidade em serviço. Foi nesse período de incerteza que percebeu algo simples: ela realmente gostava de criar. “Eu adorava fazer as artes, mas vender não era para mim”, lembra. A partir disso, começou a oferecer peças por valores simbólicos de R$ 12 enquanto trabalhava os 30 dias de aviso prévio, mesmo com pouca estrutura, deu seus primeiros passos como prestadora de serviços. O impulso decisivo veio quando o namorado, Nicolas, sugeriu que ela direcionasse esse trabalho para pequenas empresas que precisavam de materiais profissionais, mas não tinham verba para contratar uma agência de Marketing. Pelas primeiras indicações como a que a levou a atender a mãe de sua ex-chefe, Maísa começou a montar sua carteira de clientes. No caminho, enfrentou golpes, trabalhos não pagos e a pressa de quem precisava fazer o negócio dar certo antes mesmo de receber o seguro-desemprego. Era um começo turbulento, mas que mostrava, pouco a pouco, que ela estava construindo algo seu. 

Andrielly já atendeu mais de 30 clientes na sua empresa, o Studio Create. LARISSA SCHNEIDER/BETA REDAÇÃO

Com mais tempo para divulgar sua própria marca, Maísa começou a conquistar novos clientes e a expandir seu alcance. Aprendeu a usar o tráfego pago a favor do próprio negócio e, a partir daí, passou a fechar parcerias fora do estado: hoje, atende uma empresa de pijamas de São Paulo, cujo Instagram desenvolveu praticamente do zero até ultrapassar mil seguidores em poucos meses e também cuida das redes de uma agência de intercâmbio paulista, cliente conquistada por indicação sem nem sequer terem se encontrado pessoalmente. No Vale do Caí e cidades próximas, o movimento foi semelhante: indicações, confiança construída à distância e entregas consistentes. “É difícil converter quando a pessoa não te conhece, né? Mas eles confiaram em mim do início ao fim”, explica.  

No campo financeiro, Maísa percebe uma diferença enorme e ela aparece justamente nas pequenas coisas do dia a dia. Antes, com um salário fixo, não via tanta necessidade de guardar dinheiro, já que no fim do mês o pagamento sempre caía na conta. Hoje, empreendendo, entende que precisa manter uma reserva para momentos de instabilidade ou para eventuais crises no negócio. 

A mudança também se reflete diretamente na conta bancária. Coisas simples, mas essenciais, antes eram difíceis de realizar. Seu gato, que tem problemas de saúde, precisava de uma ração de qualidade, algo que, com o salário de CLT, era praticamente inviável. Agora, recebendo o dobro do que ganhava, Maísa pode prover algo que sempre achou ser impossível. 

“Antes eu dividia o aluguel da casa com meu namorado. Hoje eu tenho a oportunidade de pagar o aluguel sozinha, o que seria completamente impossível quando eu era CLT”, destaca. 

Ela também destaca que a flexibilidade do trabalho é um dos maiores ganhos de ter se tornado empreendedora. Para Maísa, poder escolher de onde trabalhar faz toda a diferença. Muitas tardes, ela pega o notebook e vai para a casa da avó, onde trabalha enquanto toma chimarrão e troca ideias com sua avó, algo que seria impossível no ritmo engessado do CLT. “É tão gostoso ter ela aqui por perto… Antes eu só via quando dava tempo”, comenta a avó orgulhosa.  

Com a mudança na rotina, Andrielly passou a ter mais tempo para compartilhar com a família. LARISSA SCHNEIDER/BETA REDAÇÃO

Sobre férias, imprevistos e direitos trabalhistas perdidos com o empreendedorismo, Maísa reconhece que o empreendedorismo exige um cuidado constante, mas diz que encontrou formas de lidar com isso. Férias, por exemplo, não são um problema: ela se organiza para deixar duas semanas de conteúdos prontos e programados, com tudo aprovado pelos clientes. O que mais a preocupa é a possibilidade de ficar doente de repente, algo que, até agora, nunca aconteceu de forma séria. “Eu sempre deixo tudo adiantado porque me dá ansiedade entregar em cima da hora”, conta. Por isso, trabalha com uma semana de antecedência, garantindo que imprevistos não prejudiquem ninguém. Ela também destaca que, pagando o DAS e contribuindo para o INSS, sabe que teria algum amparo caso ficasse impossibilitada de trabalhar. E, mesmo sem ainda ter criado um “salário-férias” ou um 13º próprio, Maísa acredita que tudo é questão de organização: guardar um pouco por mês, montar uma reserva e planejar com calma. “No fim, sempre dá para contornar a situação de algum jeito”, diz, com a praticidade de quem aprendeu a se virar. 

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