Lançado em 2019, livro de Taylor Jenkins Reid já esteve na lista de best-sellers do New York Times

Nota da autora. “Este livro é uma tentativa de compor um retrato transparente de como a renomada banda de rock nos anos 1970 Daisy Jones & The Six foi alçada à fama — assim como dos motivos que levaram ao seu abrupto e infame rompimento em Chicago, durante uma turnê, em 12 de junho de 1979”.

É assim, exatamente com essas palavras, que a norte-americana Taylor Jenkins Reid começa o seu livro Daisy Jones & The Six. E também é assim, logo na primeira página, que a escritora nos faz refletir sobre a possibilidade de uma banda de que sequer tínhamos ouvido falar antes realmente existir.

Antes que você também fique em dúvida, já adianto que a história desse livro é sim fictícia, como a maioria das outras que temos o costume de ler. Mas o diferencial, nesse caso, é a maneira como a autora resolveu revelar cada detalhe.

Para início de conversa, a narrativa toda surge através de depoimentos dos personagens, que estão sendo entrevistados depois do fim da banda. Isso faz a história ser fluida, mas, mais do que isso, traz a possibilidade dos leitores perceberem exatamente quais são as personalidades de cada um dos envolvidos com a banda. Esse formato também deixa quem está lendo em dúvida sobre as informações, já que existem conflitos de pensamentos e visões diferentes de um mesmo mundo.

Há também outra característica marcante que faz Daisy Jones & The Six parecer real. Os personagens contam como grande parte das letras das músicas foram produzidas e, consequentemente, cada uma delas é citada ao longo da narrativa, seja na criação, no teste em estúdio, ou até mesmo em algum show ao redor do mundo. Além disso, todas as letras dos álbuns estão nas páginas finais. Apesar de ser apenas um detalhe, essa ideia deixa a narrativa muito mais completa.

Voltando aos shows, é impossível não dizer como eles são impactantes. A maneira que Taylor Reid descreve as apresentações é tão forte que permite que quem está percorrendo os olhos em cada frase sinta a energia do público. E mais do que isso, ela também faz com que os leitores vejam, talvez pela primeira vez, como são os bastidores de uma banda de rock: muito álcool, drogas, brigas e envolvimento entre os integrantes no auge do sucesso.

É importante citar que apesar de a autora ter se baseado em características previsíveis de uma banda desse estilo musical na década de 1970, as passagens dos personagens saindo de si com o uso de variados entorpecentes são bem pesadas. Se isso for um possível gatilho para você, é melhor tomar cuidado antes de colocar as mãos em Daisy Jones & The Six.

Por outro lado, também é isso que movimenta toda a história: a loucura. A protagonista, Daisy Jones, por exemplo, é o próprio furacão. E apesar de ser ela quem mais movimenta a narrativa, todos os outros personagens também têm esse papel por serem bem desenvolvidos. Para se ter uma ideia, Taylor descreveu cada um deles nas orelhas do livro. Então é possível conhecer as pessoas antes mesmo de começar a ler essa ficção.

Em um resumo, é possível chamar Taylor Jenkins Reid de gênia da literatura. Isso porque, se alguém merece o crédito por nos fazer ler 359 páginas em um único dia, esse alguém, com certeza, é ela. O mérito da autora está em, além de cada detalhe já citado, ainda conseguir colocar assuntos impactantes e distintos dentro de uma mesma história.

Existe a fissura por drogas, mas existe o vocalista Billy Dunne, que quer sair desse buraco pela sua família. Aliás, ele tem mesmo uma linda família com Camila Dunne, mas há personagens que sequer ligam para isso por terem tido uma criação diferente, ou apenas por não estarem prontos para lidar com esse sentimento em um momento de tanto sucesso.

Mesmo com tanta diversidade de temas, Daisy Jones & The Six também é uma história de amor, mas não daquelas previsíveis que nós já sabemos como será o final. Isso porque intensidade é uma das melhores palavras para descrever a loucura que é ler essa obra. E não só essa obra, mas também outras criações da autora.

Esse não é o primeiro livro de Taylor com a pegada de fazer personagens fictícios parecerem pessoas que têm seus nomes marcados na Calçada da Fama de Hollywood. O primeiro sucesso dela nesse estilo foi com Os Sete Maridos de Evelyn Hugo. São histórias completamente diferentes, mas que, de certa forma, mostram o perfil da escritora.

Nos dois casos, além dos personagens serem famosos, há um plot twist, ou seja, uma revelação que surpreende e deixa os leitores, literalmente, de boca aberta. A autora também tem o costume de conectar os personagens de seus outros livros. Mick Riva, por exemplo, aparece na maioria de suas obras.

Não é à toa que Taylor Jenkins Reid faz tanto sucesso. A autora, que nasceu em Massachusetts, nos Estados Unidos, foi indicada ao Goodreads Choice Awards em 2017 por Os Sete Maridos de Evelyn Hugo e venceu o prêmio, em 2019, com Daisy Jones & The Six.

Seus livros também aparecem na lista de mais vendidos no Brasil e já garantiram um lugar na lista de best-sellers do New York Times. Além disso, quatro adaptações de suas obras para filmes e séries já estão em andamento. Os 10 episódios de Daisy Jones & The Six, por exemplo, foram produzidos pela Amazon e já podem até ser assistidos no Prime Video.

Mas antes de correr para descobrir o final dessa história por um aparelho audiovisual, sinta a experiência de conhecer a banda que dominou as paradas de sucesso nos anos 1970 através do livro. Se Taylor Reid conseguiu fazer Daisy Jones & The Six conquistar o meu coração só com palavras e imaginação, vai certamente conseguir conquistar você também.

Confira todos os livros escritos por Taylor Jenkins Reid:

Para Sempre Interrompido (2013)
Depois do Sim (2014)
Em Outra Vida Talvez (2015)
Amor(es) Verdadeiro(s) (2016)
Os Sete Maridos de Evelyn Hugo (2017)
Daisy Jones & The Six (2019)
Malibu Renasce (2021)
Carrie Soto Está de Volta (2022)