Com foco em treinos de corrida de rua, trailrun e thriatlon a Meta visa a individualidade de cada atleta
Pioneira em Capão da Canoa, a Meta foi criada pela educadora física e egressa da Unisinos Aline Negruni em 2016, após ser desafiada pelo então presidente do clube Sociedade dos Amigos de Capão da Canoa (SACC), Marcelo Ramos, a criar um grupo de corrida anexo ao clube. Ela explica que organizou uma Rústica após o desafio e então montou o SACC Runners, começando com um happy hour, onde convidou o pessoal do clube e pessoas que ela já sabia que gostavam de correr para apresentar o que seria o projeto.
“Nessa época eu já praticava a corrida a bastante tempo, participava de provas, fazia parte de algumas assessorias e com isso vi em Capão esse interesse do pessoal de correr e fazer parte de um grupo”, aponta.
Aline conta que o primeiro treino oficial ocorreu em janeiro de 2017, onde o grupo liderado por ela em uma bike e usando um apito organizou o treino que saiu do clube e ia em direção à praia. “Era tipo assim, ‘agora a gente vai caminhar 10 minutos, quando der 10 minutos eu vou apitar e a gente vai correr por dois minutos e daí eu apito de novo’. E assim a gente começou o trabalho da Meta”, ela recorda.
A esquerda ajoelhada na ponta está Aline Negruni com os atletas da Meta pós treino no calçadão de Capão da Canoa (Foto: arquivo pessoal / Reprodução: Instagram da Meta)
A educadora física ainda relembra que a primeira prova que o grupo participou foi a corrida noturna “Summer Night Run” em 2017, evento que ocorre sempre em fevereiro. “A gente participou já com um grupo bem bacana e quem não conhecia, começou a entrar pro grupo após o evento. A partir disso fui começando a ver uma demanda em que o pessoal foi se destacando e aumentando as distâncias e se tornando um grupo muito heterogêneo”, afirma Aline.
Qualquer pessoa pode correr
Devido à alta procura, Aline disse ter percebido que precisava se desvincular da SACC, pois não daria conta de atender a demanda sozinha. Assim, a partir de 2018, o “SACC Runners” virou a Meta, a primeira assessoria esportiva de Capão da Canoa formada pela coordenadora técnica e treinadora Aline Negruni, que deixou o apito um pouco de lado e pegou o computador, além dos treinadores: Beta Brauner, Giovana Conte, Jonatas Natel e Lice Dariva.
A assessoria atende diversos públicos, desde o iniciante ao mais avançado, ajudando os atletas a alcançarem as suas metas e objetivos. “O público é aberto, até porque eu sou da linha que acredita que qualquer pessoa pode correr. Desde que bem orientada, ela pode correr sim!”, ressalta Aline.
A Meta foi a maior equipe presente na Summer Night Run de 2022
(Foto: arquivo pessoal/ Aline Negruni)
Aline ainda destaca que a Meta possuí atletas não só de Capão, mas também de outras cidades como Porto Alegre e mais dez atletas de fora do país, devido ao sistema do aplicativo SisRun Elite que permite que a coordenadora possa a partir dos dados coletados pelo app, monitorar os atletas e montar uma agenda de treinos personalizada para cada um.
As modalidades e os treinos
Já sobre como os treinos são pensados, ela conta que são personalizados de acordo com as necessidades e a capacidade de cada atleta. Aline explica que na Meta, eles trabalham com planilhas de treino e contam com encontros presenciais e reuniões on-line, além de fazer uso do aplicativo brasileiro SisRun Elite, para monitorar o avanço de cada um dos atletas e checar se estão cumprindo com as metas estabelecidas.
“Todos os meus atletas são amadores, ou seja, eles não vivem do esporte, então o treinamento é adaptado a rotina de vida de cada um, eu não posso fazer ao contrário a pessoa não pode organizar a vida dela dentro dos treinos dela. Então a organização de planilha hoje, ela é individualizada, eu vou abrir o aplicativo, ver o que o atleta fez na semana passada e vou programar a próxima conforme a competição que ele vai ter, o tempo que ele tem para treinar e o quanto de tempo vai precisar para descansar”, frisa Aline.
Atualmente a Meta atende a três modalidades do esporte, são elas: a corrida de rua que são as maratonas e provas que ocorrem no asfalto; o trail run que são as corridas fora de pista, ou seja, feitas em espaços ao ar livre como trilhas em morros/campos etc; e o Triathlon, modalidade praticada pela Aline, que engloba três esportes: a natação, ciclismo e a corrida, “então ele mistura essas três coisas, primeiro tu nada, então pedala para depois correr, sempre nesta ordem”, ela evidencia.
Aline na prova Audax de 18k, em São Chico, em 2022 (Foto: arquivo pessoal / Aline Negruni)
De acordo com a coordenadora técnica da Meta, o carro chefe da assessoria esportiva é a corrida de rua, seguida pelo trail run e por fim o thriathlon. Segundo ela os dois primeiros, são os tipos de corrida que mais crescem, “tanto o trail run quanto a corrida de rua estão crescendo muito, tanto que tem muitas corridas pelo mundo, está cada vez maior o número de pessoas praticando e se inscrevendo em provas” aponta Aline.
Representando o Brasil
Atleta da Meta e da Confederação brasileira de Atletismo (CBAT), Viviane Souza (ou Vivi Souza como é conhecida), irá representar o Brasil no Mundial da China que ocorre no dia 02 de dezembro, na Taipé Chinesa, o Campeonato IAU de 24h. Sobre ser selecionada para o Mundial, Vivi diz ter sido uma das maiores alegrias que já teve no esporte e na vida.
“Ouvir o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo convocar a equipe e apresentar minha foto e meu nome, foi emocionante demais. Sei o quanto um mundial é desejado por grande parte dos atletas e fazer parte desta equipe é uma responsabilidade e uma alegria muito grande. Estarei dando o meu melhor a cada km percorrido, levando a ultramaratona, minha cidade, meu Estado e o Brasil para o mundo”, ela destaca.
Vivi conta que sempre gostou muito de praticar esportes, como musculação e hidroginástica, segundo ela a corrida entrou na sua vida há dez anos atrás quando já morava em Capão da Canoa.
“Comecei com caminhadas na beira-mar, aos poucos fui me aventurando e intercalando com pequenos trotes, até que a professora Aline Negruni criou o grupo de corrida e me convidou. De lá pra cá se passaram quase 7 anos e minha adoração pelo esporte só cresceu com o tempo, de corridas mais curtas inicialmente até que cheguei nas ultramaratonas e de lá não saí mais”, ressalta.
Na primeira imagem, Vivi Souza na Ultramaratona 24h de Indaiatuba 2023, em São Paulo; Já na segunda, um registro dos 84km da Travessia Torres Tramandaí (TTT), em fevereiro desse ano
(Fotos: arquivo pessoal/ Viviane Souza)
Entre as suas principais conquistas estão: os 109km da Ultramaratona do Salto do Rio Pardinho – UMSP; os 84km da Travessia Torres Tramandaí – TTT; o Desafio 24h em Caxias do Sul: 188km e as 24h de Indaiatuba – SP: 206km. Sendo esta última, a marca que a levou ao 2º lugar do ranking nacional e por sua vez para o Mundial na China.
Para Vivi a Meta é muito mais que um grupo de corrida, é uma parte da sua vida e de sua rotina diária, “é um grupo que me agregou conhecimentos esportivos, conhecimentos sobre meu corpo, minha mente e sobretudo que me trouxe grandes e verdadeiros amigos, que treinam junto, que motivam e que torcem junto”.
Sobre ter próximos objetivos, por hora a atleta diz não pensar em mais nada além do Mundial. “Ao concluir esta prova, eu vou sentar com a minha treinadora e estabelecer o calendário de provas para 2024. Meu foco não é fazer diversas provas, gosto de treinar e me preparar para as ultramaratonas e fazer entre três a quatro provas no ano”. Ela explica que com a realização do mundial já estará participando da quarta ultramaratona no ano.
Mais que um esporte é um estilo de Vida
Já para a profissional de Educação Física, instrutora de funcional no espaço Studio Full Fit e atleta amadora da Meta, Fabiana Bohn, a paixão pela corrida veio após participar da Summer Night Run em 2012, onde ganhou uma inscrição para correr 5km, “antes disso, eu somente corria de Kangoo Jumps, aí essa foi minha primeira prova de tênis, depois disso nunca mais parei”.
Sobre seus objetivos, Fabi conta que no início era correr 5km o mais rápido possível e que agora está se desafiando ao se inscrever para uma maratona. “Eu ganhei algumas provas, no momento tomei coragem e estou me preparando para minha primeira Maratona. Já fiz várias meia maratonas, muitas provas de areia e algumas no morro das quais não gosto muito” ressalta.
Em relação a sua rotina de treinos/preparação, ela diz treinar quatro vezes por semana e fazer reforço muscular duas vezes por semana, além de manter uma alimentação saudável ao não comer industrializados, por exemplo.
A esquerda registro de Fabiana Bohn na Meia Maratona de Floripa, em 2023 e a direita, na Meia Maratona de Porto Alegre, em 2022 (Fotos: arquivo pessoal/ Fabiana Bohn)
Para ela participar da Meta significa ter apoio nos treinos, fazer amizade e ter mais pessoas para treinar junto, com o mesmo objetivo, além de compartilhar e aprender com as experiências dos colegas.
A respeito dos benefícios que a corrida trás, Fabi aponta que ela contribui para diminuir a ansiedade e no controle da glicose, “me traz sensação de prazer cada prova/desafio que vou participando no decorrer desses anos, no geral é um esporte que me deixa feliz”, destaca.
O lado atleta
Além de ser coordenadora técnica e treinadora da Meta, Aline Negruni também é uma atleta amadora de thriathlon. Segundo ela, a corrida entrou de fato na sua vida em 2009, pois foi quando começou a treinar com mais afinco e a incluir as modalidades.
Em 2014 ela começou a praticar o thriathlon, após ter sido desafiada na época por um de seus alunos de natação, “eu já trabalhava com natação, já pedalava e já corria, mas não juntava os três, daí durante as aulas de natação que eu dava em um clube, eu tinha vários atletas treinando para fazer os seus primeiros thriathlon aí um atleta disse assim: ‘tá na hora de sair aí de cima e vim aqui para baixo’, foi então que em 2014, comecei a fazer uma planilha de treino específico para a modalidade, até que em outubro do mesmo ano, acabei fazendo a minha primeira prova e me apaixonei pelo esporte”, explica Aline.
Para a atleta participar de provas/competições e praticar o esporte é uma superação, “é uma forma de eu me manter disciplinada comigo mesma, com a minha saúde, meu corpo, minha alimentação, minha rotina e a prova em si”. Além disso, para ela a corrida é também o seu estilo de vida, “a minha vida social tá voltada nisso, se tu for me perguntar como é que eu me divirto, é assim, essa é a minha forma de diversão”.
A esquerda, Aline no seu espaço de treino na sua casa, onde expõe as suas medalhas; e a direita registro dela na competição de thriathlon Ironman Brasil 2023, em Florianópolis
(Foto 1: Luísa Bell; Foto 2: arquivo pessoal / Aline Negruni)
Para quem está querendo começar a correr, Aline diz que a dica principal é que não tem o momento ideal pois o mundo do esporte, como um todo, está muito mais democrático e inclusivo.
“Começa ontem, o que está te impedindo de começar? Começa hoje com 5 minutos. ‘Ah, mas eu não tenho todo esse tempo disponível’. Então quanto tempo tu tens disponível? Vai dentro do que tu consegue fazer! Não existe uma regra, não existe um corpo padrão, não existe o tênis ideal ou lugar ideal! Existe o que tu estás disposto a fazer para atingir o teu objetivo, pois tudo a gente dá um jeito de fazer dentro das condições possíveis”, afirma.
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