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Comerciantes do Litoral vivem desafios em tempos incertos

Digitalização e proximidade com os clientes são algumas das estratégias adotadas pelos empresários

Separadas pela Ponte Giuseppe Garibaldi, Imbé e Tramandaí, no Litoral Norte gaúcho, somam cerca de 80 mil habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE.Durante a temporada de verão, essa população se multiplica, trazendo alívio a comerciantes locais. A estação atrai visitantes de diversos lugares, que acabam fazendo compras nos municípios, desde alimentação, vestimenta, lazer e aluguéis.

Toda a cadeia é impulsionada pelo movimento típico do veraneio, mas acontecimentos recentes, como a pandemia de Covid-19 e as enchentes de maio de 2024, provocaram mudanças que impactam os empreendedores da região litorânea. Luzia Martins tem comércio há 16 anos em Tramandaí, e sente que as vendas caem 50% na baixa temporada. A loja Todo Dia fica na Avenida Fernandes Bastos, uma das mais movimentadas do centro da cidade, e trabalha com vestuário feminino, masculino, plus size, infantil, cama, mesa e banho. Anteriormente, dona de uma fruteira em Porto Alegre, ela se mudou para o Litoral Norte para empreender, trazendo marido, filhos e nora, que hoje também empreendem em cidades vizinhas.

A comerciante conta que houve impacto nas vendas da loja em detrimento da facilidade de compras online, que se tornaram mais comuns após a pandemia. É visível também a chegada de novas redes de supermercadistas à região, como Desco, Stok Center e Bistek. Porém, também é notável a aproximação de grandes marcas já consolidadas no mercado, enquanto o pequeno empreendedor segue sendo encurralado, tendo que se reinventar a cada dia. Apostando em estratégias que vão desde diminuição nas compras de mercadorias e investimento em propagandas nas redes sociais. Independente do setor, quem possui comércio tem que encontrar alternativas para superar os desafios, além daqueles já esperados.

Para manejar os gastos, Luzia, por exemplo, compra uma quantidade menor de mercadorias, porque sabe que vai vender menos, esperando chegar o verão para faturar um pouco mais. Nesses períodos, quando a movimentação cai significativamente, suas compras são planejadas com cuidado, visando manter o fluxo de caixa e preparar a loja para os meses de alta. Daiana de Oliveira, proprietária da Oliveira Eletrônicos e Perfumaria, ao lado da loja de Luzia, empreende desde 2002, passando pelo ramo da marcenaria até chegar ao setor de bazar, com o que trabalha desde 2012.

Durante a trajetória, ela considera como período mais difícil o da pandemia, quando pensou até mesmo em desistir da loja própria. Em meio ao caos que todo mundo estava vivenciando, ela decidiu apostar nas redes sociais. “Como eu nasci aqui, conheço bastante gente, tenho vínculo com as pessoas, eles vêm até aqui porque me conhecem, e também aproveito as redes sociais para as propagandas da loja”, comenta Daiana.

O vínculo com a comunidade continua sendo um diferencial dos empresários locais, apesar da concorrência das grandes redes. Clientes do ano todo valorizam a atenção personalizada, a possibilidade de experimentar produtos e receber recomendações diretamente do lojista — algo que grandes cadeias ainda não conseguem oferecer. O relacionamento próximo ajuda a manter a fidelidade do consumidor, mesmo nos períodos de menor movimento.

Preparação para o verão

O movimento nas principais avenidas de Tramandaí e Imbé anda a passos lentos no mês de outubro, que já é um período de preparação para o verão. De acordo com a empreendedora Daiana, as calçadas do comércio vazias são reflexos da mudança drástica no comportamento dos consumidores após a pandemia. Agora, as pessoas aproveitam o final de semana para o lazer ao lado da família, indo à praia ou à pracinha com as crianças, por exemplo.

Antes, utilizavam o final de semana para fazer compras e passear pelas lojas. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Imbé e Tramandaí, Márcio Seibel, há uma mudança visível nos turistas que têm passado pela cidade nos últimos tempos, que é acompanhada de perto pela CDL. “É perceptível uma vinda das pessoas ao litoral nos finais de semana, principalmente para passeios, e não necessariamente para compras”, finaliza o dirigente.

O cenário do comércio em Imbé e Tramandaí mostra que, embora o verão traga o auge das vendas, os pequenos negócios têm aprendido a equilibrar desafios e oportunidades ao longo de todo o ano. Entre inovação, proximidade com o público e planejamento estratégico, os comerciantes encontram maneiras de manter suas portas abertas, garantindo variedade, qualidade e atendimento diferenciado para moradores e turistas.

A capacidade de adaptação revela não apenas a força da economia local, mas também a resiliência e criatividade dos empreendedores do Litoral Norte, que seguem apostando em um futuro mais sólido, mesmo em tempos incertos, na esperança de que a próxima temporada de verão seja lucrativa.

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