Usamos cookies para melhorar sua experiência, personalizar conteúdo e exibir anúncios. Também utilizamos cookies de terceiros, como Google Adsense, Google Analytics e YouTube. Ao continuar navegando, você concorda com o uso de cookies. Veja nossa Política de Privacidade.

Com poucas obras expostas nesta Bienal do Mercosul, Casa de Cultura Mario Quintana destaca obra de artista mineiro

“Teoria do Babalu Atômico” chama a atenção em meio ao vazio dos corredores
Visão ampla da obra

Porto Alegre sedia mais uma vez a 14ª Bienal do Mercosul, iniciada em março, dessa vez trazendo o conceito “Estalos” como tema central. O objetivo é fazer o público se identificar com trabalhos relacionados a seres humanos e “mais que humanos”, como está indicado no texto de apresentação, no site do evento. Um dos espaços mais procurados, tanto por locais quanto por turistas, é a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). 

Porém, o prédio conta com poucas obras – característica comum entre todos os 15 locais diferentes que compõem a mostra este ano. A intenção foi espalhar trabalhos por diversos locais da cidade, incluindo espaços marginalizados como a Restinga e o Pop Center.

Uma fusão das duas concepções (humano e mais que humano) é a instalação Teoria Geral do Babalu Atômico, localizada na CCMQ, com autoria de Randolpho Lamonier, mineiro de Contagem que expressa na produção aspectos viscerais, cósmicos e profundamente pessoais.

Objetos acumulados e desenhos que fazem referência à Vila Itaú, bairro de Contagem, cidade industrial de Minas Gerais e terra natal do artista. FOTO: BRUNA PEDROTTI/BETA REDAÇÃO

Em meio ao vazio provocado pela escassez de obras expostas, a luz vermelha que irradia da sala onde se localiza a instalação de Randolpho chama a atenção dos visitantes curiosos e sedentos à procura de algo para ver. Juliana da Silva, 24 anos, atua como mediadora na Bienal deste ano e aponta a receptividade do público à instalação, que divide opiniões.

Ela comenta que a obra de Randolpho tem muitos estímulos, muitos detalhes, e passa pelos sentidos de cada um de forma diferente. “Já vi pessoas entrando com uma expectativa e saindo meio abaladas. Ao mesmo tempo, já ouvi relatos de pessoas se sentindo muito acolhidas lá dentro”, comenta. Segundo Juliana, o fluxo de pessoas é intenso, mesmo em dias de semana.

O neon azul contornando a figura humana dentro de uma grade metálica simboliza uma dualidade entre o confinamento e a liberdade. FOTO: BRUNA PEDROTTI/BETA REDAÇÃO

A instalação possui elementos que abordam questões fortes, como pensamentos suicidas, perdas precoces e sexualidade. Com escritos à mão nas paredes e mares de objetos que misturam passado e presente, Randolpho amarra, em tom por vezes sarcástico, por vezes genuíno, a teoria de que a existência humana culmina num chiclete (babalu) atômico.

Reflexões filosóficas sobre a existência, rodeadas por desenhos de estrelas e uma corrente metálica simbolizando o aprisionamento. FOTO: BRUNA PEDROTTI/BETA REDAÇÃO

Para embasar sua tese mirabolante, o autor mescla relatos pessoais e termos da teoria psicanalítica. O psicólogo Léo Rodrigues, 27 anos, natural de Guaíba, esteve na Bienal e considera essa a melhor obra da mostra. Ele comenta que o que chamou a atenção foi o poder de identificação que a instalação e seus elementos trazem. Ao mesmo tempo em que o artista expressa suas angústias, “o público encontra pessoas que tiveram experiências parecidas com as dele”. Para ele, essa questão identificatória é central no contato com a arte, seja produzindo ou consumindo.

Retrato infantil, com colagens e elementos, questiona a formação da identidade e as rupturas da infância. FOTO: BRUNA PEDROTTI/BETA REDAÇÃO

A Bienal vai até 1º de junho de 2025. A visitação é gratuita e, na Casa de Cultura, vai de terça a domingo, das 10h às 20h.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia também