Ocorrências de leptospirose e leishmaniose, doenças que podem infectar tanto animais domésticos quanto seres humanos, geram alerta

A Diretoria de Vigilância em Saúde de Porto Alegre disponibilizou um mapa no qual estão registrados os casos de leishmaniose canina entre 2007 e 2023. De acordo com o relatório, os bairros com mais registros da doença são, em ordem: Vila Nova, com 99 casos, Morro Santana, com 84, Nonoai, com 73, Cascata, com 72 casos e Cel. Aparício Borges, com 63 casos.

Além da leishmaniose canina, outros quadros podem afetar a saúde tanto dos animais, quanto de seres humanos, como a toxoplasmose, leptospirose e a raiva. Apesar de acometer os felinos, a toxoplasmose não costuma ser transmitida por contato direto com eles, e sim, pela ingestão de alimentos contaminados com o protozoário Toxoplasma Gondii.

Já a leptospirose é transmitida pelo contato com a urina de ratos contaminados pela bactéria Leptospira. Enquanto a leishmaniose é transmitida pelo mosquito-palha contaminado por protozoários do gênero Leishmania, afetando principalmente cães e seres humanos. Apesar de menos frequente, os gatos também podem ser afetados.

Para Aline Caplan, uma das voluntárias fundadoras do projeto Gatoteca, a castração é uma forma de lidar com o problema sanitário. “Quanto mais gatos resgatados e castrados, menor o número de gatos circulando e formando colônias. Assim também seria possível um controle de doenças que acometem os felinos, como Fiv e Felv, que praticamente não são vistas em países mais desenvolvidos”, afirma.

Fiv é o vírus da imunodeficiência felina, que age no sistema imunológico do gato de forma semelhante ao vírus HIV em humanos, e Felv é o vírus da leucemia felina.

A protetora também fala sobre os cuidados mantidos pelos voluntários ao salvar um animal das ruas. “Para resgatar um gato mais arisco, procuramos usar luvas grossas e, quando não é possível, damos um jeito de pegar de qualquer forma. Já aconteceu de o gato morder a mão ou arranhar um voluntário, mas sem maiores consequências”, comenta.

A orientação para lidar com esses casos, disponível no Portal Drauzio Varella, é lavar o local da mordida com água e sabão, imobilizar e elevar o membro afetado e procurar atendimento médico para verificar a necessidade de reaplicação das vacinas antitetânica e antirrábica.

Para o veterinário e responsável técnico do hospital veterinário Petmedic, Fernando Lorentini, há um aumento nos casos de leptospirose e leishmaniose. “Muitos tutores só descobrem quando o animal tem sintomas como anorexia, lesões cutâneas (na pele), algumas com sangue, alterações renais ou hepáticas”, explica.

O veterinário afirma que tanto as consultas realizadas logo após o resgate de um pet quanto as avaliações de rotina são fundamentais. “O ideal é sempre levar para a consulta para avaliação da saúde, pois o animal pode conter alguma doença que pode estar visível e ter que tratar, ou um quadro que possa aparecer em exames, caso haja histórico indicando o surgimento dele”, completa.

Entenda como prevenir e tratar a leishmaniose em humanos. Imagem: Fiocruz / Divulgação.

Outros dados sobre esta e outras zoonoses foram solicitados para a Equipe de Vigilância de Antropozoonoses da Secretaria Municipal de Saúde e para outros órgãos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, porém, estes não foram disponibilizados até o fechamento desta reportagem.

Censo Animal

Pela primeira vez, a capital gaúcha contabiliza os cães e gatos que vivem no município. Por meio do Censo Animal feito pelo município, foram registrados cerca de 815,4 mil animais. O levantamento foi realizado por amostragem. A população animal nas ruas de Porto Alegre, composta por 21 mil cães e 11 mil gatos, está sujeita a vários perigos, entre eles as doenças destacadas pela reportagem.