Bienal do Mercosul promove oficina de observação de aves em Porto Alegre

Oficina no Parque Marinha integra arte e natureza ao aproximar o público desse tipo de atividade realizada em meio urbano
João-de-barro (Furnarius rufus), no amanhecer do Parque Marinha do Brasil

Na 14ª edição da Bienal do Mercosul, os admiradores de pássaros ganharam protagonismo em uma ação especial realizada no Parque Marinha do Brasil. O encontro reuniu mais de 70 pessoas em uma caminhada pela área natural do bairro Menino Deus, seguida de uma roda de conversa com o naturalista Augusto Pötter, um dos nomes mais jovens e atuantes da ornitologia no Estado.

Naturalista e vice-presidente do COA-POA, Augusto Pötter RAMIRO LEMOS / BETA REDAÇÃO

A atividade, conduzida em parceria com o Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre (COA-POA), é parte da programação pública da Bienal, que neste ano tem como tema o “Estalo” — ideia que busca captar formas sensíveis, materiais e emocionais de perceber o mundo e a cidade.

Caturrita (Myiopsitta monachus) apoiada em galho de árvores do Parque Marinha do Brasil. RAMIRO LEMOS / BETA REDAÇÃO

Para Marina Feldens, curadora dos programas públicos da Bienal ao lado de Ana Matos, a proposta foi ampliar a experiência para além das salas expositivas. “Essa é a primeira edição que conta com uma curadoria geral, que é o Rafael Fonseca — ele não é o curador-chefe, mas idealiza uma programação que funciona como uma extensão das exposições e da programação tradicional da Bienal”, explica. A partir dessa concepção ampliada, a edição deste ano ocupa 18 espaços pela cidade e oferece 56 eventos em 70 dias, buscando traduzir o tema “Estalo” em diferentes formas de encontro, sensibilidade e vivência urbana.

Telescópio a disposição do público, para melhor observação dos passáros RAMIRO LEMOS / BETA REDAÇÃO

A oficina de observação surgiu do contato entre a curadoria e o COA-POA. “A Ana, uma das curadoras, procurou a gente no fim do ano passado com interesse nas nossas atividades. Inicialmente seria no Jardim Botânico, mas acabamos optando pelo Parque Marinha”, conta Rafael Nedel, presidente do clube. Segundo ele, a proposta se alinha à Bienal por ser uma prática de contemplação e reconexão com o ambiente urbano. “Quando você começa a observar pássaros, a cidade ganha vida. Não sei se é arte no sentido clássico, mas sem dúvida dialoga com a arte.”

Presidente do COA-POA (Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre), Rafael Nedel RAMIRO LEMOS / BETA REDAÇÃO

A experiência atraiu novatos e curiosos, como a arquiteta Dandara Mendes, de 26 anos. “Eu não tinha nenhum conhecimento sobre pássaros. Achei interessante justamente por isso — descobrir algo novo. São animais que a gente vê todo dia, mas nem percebe. Hoje eu já saio com 50 curiosidades diferentes que nem imaginava”, contou, acompanhada dos amigos Fábio e Bruna.

Dandara Mendes, acompanhada dos amigos Fábio e Bruna. 

RAMIRO LEMOS / BETA REDAÇÃO

Já para Augusto Pötter, vice-presidente do COA-POA e referência na observação de aves no Estado, o impacto do evento vai além da manhã no parque. “A gente não está aqui hoje para ver o maior número possível de espécies. Nosso foco é educação ambiental. Se alguém sai daqui querendo ver mais 70, 80 aves depois, já valeu. É assim que se formam novos observadores”, afirma.

Pötter começou a observar aves aos cinco anos e, aos oito, ingressou no COA-POA. Desde então, vem somando conhecimento e compartilhando com outras gerações. “Aves são termômetros do ambiente. Ao observar um pica-pau-branco ou um martim-pescador, entendemos muito sobre o ecossistema onde eles vivem. Isso ajuda tanto a ciência quanto a preservação”, explica.

Com o sucesso da oficina, a possibilidade de uma nova edição já está sendo considerada. “A Bienal veio nessa nossa atividade para democratizar. Estou muito feliz de ver bastante gente. Inclusive, já estamos pensando em ter uma segunda edição, em maio, para trazer mais gente — é o maior sucesso que está sendo”, destaca Rafael Nedel.

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