Com grande número de atletas profissionais e amadores, o beach tennis é um dos esportes mais democráticos para se praticar

Um dos esportes com maior expansão nos últimos anos, o beach tennis vem conquistando novos praticantes desde que chegou no Brasil, há 15 anos. A modalidade chegou em 2008 nas praias do Rio de Janeiro e conquistou muitos cariocas, entre eles, uma que alcançaria o top 5 do ranking mundial do esporte na categoria profissional, a qual faz parte da Confederação Brasileira de Tênis.

Com mais de 19 títulos internacionais, campeã Pan-Americana e Sul-Americana, a atleta profissional da seleção brasileira já foi a 4º melhor jogadora do mundo e a 2º do Brasil em 2013

Flávia Muniz, pioneira do beach tennis nacional, já havia praticado natação na infância, vôlei e tênis. Este último ela praticou dos seis até os 30 anos de idade, momento em que conheceu sua atual modalidade. “Dois amigos chamaram um grupo de tenistas para jogar o esporte novo na praia de Ipanema”, relata Flávia. Segundo ela: “já jogava bem tênis, aí fiz essa transição pro beach tennis já na carreira profissional”.

Desde o início de Flávia no esporte, se passaram 15 anos e muitas mudanças ocorreram, facilitando o acesso ao esporte amador e promovendo expansão na categoria profissional. Campeã diversas vezes e um nome de referência no cenário mundial, ela relata os obstáculos que precisou ultrapassar. “Patrocínio, dinheiro para viajar, eu sempre tive que gastar do meu dinheiro, para jogar torneios e conciliar a carreira de atleta com a carreira de professora”. Flávia também dá aulas de tênis e beach tennis.

Brasil concentra 60% dos praticantes de beach tennis do mundo. Fonte: CBT Foto: Arquivo pessoal

Ainda comparando os avanços do beach tennis, Flávia cita algumas melhorias que ocorreram desde 2008. “Estrutura em torneios, qualidade dos atletas, a premiação aumentou e o número de praticantes”, relata. Para ela, essa crescente do beach tennis é multifatorial, “o beach tennis cresceu por ser um esporte democrático, fácil, agregador, inclusivo e devido à pandemia, porque quando a gente voltou a praticar esportes, só podia fazer ao ar livre e isso ajudou muito”.

Professor de beach tennis desde a pandemia, Marcelo Machado também cita a pandemia e a procura por esportes ao ar livre como fator decisivo na procura pelo beach tennis. “Como já era formado em educação física e depois de muita insistência de amigos e parentes eu acabei me qualificando em cursos da confederação Brasileira de Beach Tennis e comecei a oferecer aulas”, conta. Ele relata também que já em 2023 a busca por aulas segue em alta, “e acredito que por um bom tempo continuará assim”, relata.

44% dos praticantes de beach tennis têm entre 10 e 19 anos. Fonte: CBT Foto: Ana Paula de Oliveira

Marcelo e Flávia classificam o beach tennis “um esporte fácil de jogar” e “democrático”. Segundo o professor, “qualquer pessoa com qualquer idade consegue praticar por lazer e se preferir, pode competir”. Os alunos de Marcelo costumam ser crianças, jovens e atletas iniciantes.

Camille Garcia, de 27 anos, pratica beach tennis há 8 meses. Ela é uma das alunas do professor Marcelo e relata como conheceu o esporte: “um dia minhas irmãs e minha prima decidiram experimentar. Fomos jogar sem conhecer nada das regras e do esporte. Após isso, surgiu a oportunidade de fazer aula com o pessoal do trabalho”, conta.

No mundo há cerca de 2 milhões de jogadores, mais de 50% estão no Brasil. Foto: Ana Paula de Oliveira

Além do beach tennis Camille pratica yoga, “sempre achei que esportes não eram pra mim, sempre me senti meio desajeitada e sem coordenação”, mas agora com mais tempo de prática ela comemora sua evolução. “Melhorei muito a minha técnica com as aulas, consigo estar mais presente na dinâmica da aula, meu corpo está mais atento aos movimentos”. Além disso, com os treinos semanais, ela avalia uma melhora na saúde. “Ajudou muito na minha disposição, meu ritmo cardíaco e saí do sedentarismo, consegui estabilizar o meu peso, que antes oscilava bastante.”

Segundo o professor Marcelo, “o beach tennis é um ótimo esporte para quem deseja queimar calorias”. Além da movimentação durante o jogo, muitos atletas de esportes de areia relatam que exigem muito esforço muscular, o que gera o gasto de energia, resultando em perda de gordura.

Foto: Ana Paula de Oliveira

Camille relata que mesmo com aulas semanais, competir não é um objetivo para ela no momento, “já participei de três players (jogos entre os alunos do professor, mas ainda não me sinto preparada)”, conta ela que não elimina a possibilidade de competir futuramente. “Depois de praticar mais, pode ser que a vontade venha.” Ela ainda relata que prefere treinar com instrução, “as aulas ensinam sobre as regras do jogo, posição, estar presente, movimento corporal, dinâmica. Algumas premissas que nem sempre o jogo independente ensina.”

54% dos praticantes de beach tennis são homens e 46% são mulheres. Fonte: CBT Foto: Ana Paula de Oliveira

Atualmente, quem pratica beach tennis, amador ou profissional, consegue conciliar com outras profissões. Flávia Muniz, além de atleta é professora e Camille trabalha na área de recursos humanos. Segundo a jogadora profissional, “futuramente não será mais possível no nível profissional”, porque devido à expansão do esporte, mais competições e atletas surgirão, exigindo maior dedicação de todos para manter o alto nível.

Na opinião do professor Marcelo, para se tornar um atleta profissional de beach tennis, “é necessário muito treino e dedicação. Participar em torneios pelo Brasil e sempre que possível, tentar patrocinadores para ajudar nos deslocamentos, hospedagem e alimentação”. Ele ainda explica que, “o beach tennis oferece campeonatos com diversas categorias. Por idade ou por índice técnico”, informação que explica o quão abrangente é o esporte e que há muitas possibilidades de competir sem precisar se profissionalizar.

Foto: Ana Paula de Oliveira

A prática e a crescente do beach tennis levaram muitos brasileiros a saírem do sedentarismo. Diversos influenciadores digitais compartilham suas experiências nas redes, movimento que contribui para que o esporte chegue a mais pessoas. O esporte em grupo e com professor, praticado por Camille e seus colegas de trabalho, também é uma maneira de disseminar e valorizar o esporte.

A Confederação Brasileira de Tênis estima que o número de praticantes tenha quase triplicado nos últimos três anos, de 400 mil em 2021 para 1,1 milhão em 2023. Foto: Ana Paula de Oliveira

Independente da modalidade, o beach tennis é um esporte que promove diversos benefícios. Considerado um esporte completo, ele auxilia na melhora do desenvolvimento físico e motor, exige movimentação completa do corpo, aumenta a agilidade e auxilia em tomadas de decisões. Todos esses benefícios ocorrem devido à dinamicidade do esporte. Durante as partidas, o beach tennis utiliza corpo e mente, trazendo melhorias para a vida de quem pratica e conquistando novos atletas a cada dia.