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A visão empreendedora de um jovem que formou uma companhia de teatro há quase 50 anos em Novo Hamburgo

Gerson Ribas conta as estratégias comerciais que o Teatro Luz e Cena utiliza e explica a importância da economia criativa para o país

Em 2023, a economia criativa foi responsável por movimentar R$ 393,3 bilhões no Brasil, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), representando cerca de 3,59% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Esses dados mostram como esse tema tem um papel crucial no Brasil, ainda que, muitas vezes, não tenha o reconhecimento desse valor.

A economia criativa está presente no dia a dia das pessoas, ainda que passe despercebida ela é uma grande aliada e, às vezes, até refúgio da população. Há 47 anos atrás surgia, em Novo Hamburgo, o Teatro Luz e Cena. Através de uma visão empreendedora do Marco Antônio e a ajuda do seu pai, Lourival Pereira, nasceu uma das mais antigas companhias de teatro do Rio Grande do Sul.

Na entrevista a seguir, o sócio do Teatro Luz e Cena, Gerson Ribas, 58 anos, conta a trajetória da companhia que atua nessa área há quase meio século. Além de sócio do teatro, Gerson tem formação em Artes Cênicas, ajuda no processo de venda e viabilização dos espetáculos e, inclusive, atua.

A maioria dos espetáculos contam com o público-alvo infantil. HENRIQUE KIRCH/BETA REDAÇÃO

Acompanhe:

Como o Teatro Luz e Cena surgiu?

O Teatro Luz e Cena nasceu em outubro de 1978. Este ano a gente completou 47 anos de existência. Eu costumo dizer que ele nasceu da visão empreendedora de um jovem, que nesse caso, é o Marco.

O Teatro Luz e Cena atua em mais de 340 municípios do RS. HENRIQUE KIRCH/BETA REDAÇÃO

Novo Hamburgo era uma cidade que não tinha movimento teatral, e o Lourival, começou a movimentar através da ABB, (Associação Atlética do Banco do Brasil). Ele criou um grupo de funcionários do banco e começaram a ensaiar peças de teatro. Isso acabou chamando a atenção da Sociedade Aliança de Novo Hamburgo, que tinha, na época, um departamento cultural.

O Marco era um jovem, que acompanhava de perto, e ele, era “pau para toda obra”, fazia som, ajudava a carregar as coisas, ajudava na montagem dos cenários…

Em 1978, foi feito uma peça infantil chamada “A Árvore que Andava”. O Marco decidiu vender apresentações desse espetáculo, contratar os atores e pagar um cachê pra cada um. E foi assim que nasceu, dessa visão empreendedora, do Marco Antônio Gomes Pereira.

Quais foram as estratégias econômicas utilizadas lá no início, há 47 anos?

Árvore que Andava foi o primeiro espetáculo que ele se dispôs a seguir e começou oferecendo nas escolas de São Leopoldo, em Novo Hamburgo, em Sapucaia, Esteio, Canoas e por aí vai.

Naquele restinho do ano de 1978, foi feito fez algumas temporadas em algumas cidades aqui da região do Vale do Sinos. No ano seguinte, em 1979, o Marco percebeu que se ele, produzisse uma nova peça, além dele explorar as cidades que ele ainda não havia visitado, ele poderia voltar para as cidades e escolas que já tinham assistido a primeira peça.

Entre os temas abordados nas obras estão meio ambiente, saúde, diversidade, folclore, educação financeira e respeito à cultura indígena. HENRIQUE KIRCH/BETA REDAÇÃO

E assim nasceu essa ideia de “fidelizar” o cliente e formar essa visão comercial de trabalhar com repertório e de renová-lo.

Em que momento o Marco notou que a partir dali ele poderia conseguir criar, de fato, uma companhia de Teatro e obter lucro com isso?

Os anos de 1979, 80, 81, 82, 83 foram um período de consolidação, de experimentar, de aprender e criar. Eu diria que esse DNA comercial sempre fez parte do Luz e Cena.

A gente sempre formou pessoas e artistas. Isso ainda continua, de certa forma, mesmo nos tempos de hoje, e eu acho que isso é legal. a gente poder oferecer para jovens um primeiro emprego nessa área da cultura, porque o que a gente vê, muitas vezes, é um jovem que gostaria de ter uma experiência. Um jovem que toca violão e que poder viver da arte, sabe?

O humorista Cris Pereira é um dos grandes nomes que surgiram no Teatro Luz e Cena. HENRIQUE KIRCH/BETA REDAÇÃO

Não se faz um negócio sozinho. Precisa de parcerias, precisa formar um time, precisa ter pessoas que acreditem no projeto, que vibrem na mesma energia e que acreditam que aquilo vai dar certo,

Quais são as estratégias econômicas que vocês utilizam hoje?

Eu ainda acredito muito no nosso DNA, que é a questão comercial. Eu costumo dizer, não adianta ter o melhor espetáculo, ter a melhor produção, o melhor elenco de atores e não conseguir vender. Porque, consequentemente, não vai ter receita e não vai ser possível honrar os compromissos financeiros e manter o negócio.

Então é importante que tenha uma estratégia comercial agressiva, que é o que a gente sempre teve. Sempre tivemos uma estratégia comercial muito direcionada, muito produtiva e muito contundente. É necessário ter uma equipe que possa produzir resultados e atingir metas bem estabelecidas. Dessa forma, que se alcança o sucesso comercial.

Quantos funcionários o Luz e Cena possui hoje?

Hoje, nós somos uma equipe de, aproximadamente, 30 pessoas. Entre artistas, produção, vendedores e diretoria.

A gente tem outros colaboradores que não estão diretamente vinculados, como o diretor Marcelo Aquino, que vem todo ano e trabalha por um determinado período. Temos o Renatinho do estúdio de som; esse ano a gente gastou mais de R$ 15 mil no estúdio dele.

Qual a média de lucro do teatro hoje?

A gente projeta todo ano realizar em torno de 400 espetáculos, tem anos que a gente alcança, tem anos que a gente fica perto, já teve anos que a gente conseguiu ultrapassar esse número.

Nós trabalhamos de fevereiro a dezembro, então são 11 meses. Então o objetivo é apresentar entre 40 e 50 espetáculos por mês.

As apresentações circulam em diversos ambientes, passando por teatros, escolas, prefeituras, empresas e outras entidades comunitárias. HENRIQUE KIRCH/BETA REDAÇÃO

Nossos valores oscilam, porque as estratégias comerciais que a gente utiliza, são diferentes. Quando a gente faz uma única apresentação é um valor, quando o cliente contrata duas, três apresentações, a gente consegue fazer um valor diferenciado, porque justifica o desconto.

A gente trabalha com uma tabela que começa em 8 mil reais e pode chegar a R$ 5.500 por espetáculo. Então fica um faturamento perto de R$ 2 milhões no ano. Porém, temos muitos gastos com transportes, alimentação, hospedagens e, claro, a produção do espetáculo

Queria que você falasse sobre a economia criativa, que é o foco do teatro.

A economia criativa abrange teatro, música e artesanato. Ela abrange toda a parte que envolve a tecnologia, os jogos, softwares de jogos, toda a indústria que movimenta a parte técnica de shows, parte de sonorização e de iluminação.

Hoje, para ter uma ideia, o setor da economia criativa representa quase 4% do PIB brasileiro, isso significa algo em torno de 400 bilhões de reais. No Rio Grande do Sul, a economia criativa, atingiu um patamar em que ela movimenta mais riqueza que, por exemplo, a indústria calçadista.

Historicamente, as pessoas, de um modo geral, ainda não conseguem olhar e ver esse setor da economia criativa com a devida importância que ele tem e não conseguem também mensurar o tanto de emprego e renda que esse segmento oferece e disponibiliza no mercado.

Além do Sul do Brasil, o grupo já se apresentou no Rio de Janeiro, Mato Grosso, Bahia e Goiás. HENRIQUE KIRCH/BETA REDAÇÃO

Gerson gosta de frisar que a maioria dos seus artistas são jovens, sendo uma porta de entrada para o mundo cultural. A companhia é reconhecida por formar grandes artistas, que atingem o sucesso nacional.

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