A exposição “Paralelos: A Comunicação em Quatro Linhas”, aborda a evolução da comunicação ao longo da história humana e seus principais itens. A localização do MuseCom faz muito sentido com a proposta da exposição, visto que está localizada em um ponto reconhecido como a esquina da comunicação. Isso porque o prédio, antigamente, chegou a sediar o jornal A Federação, criado para divulgar os ideais republicanos. O prédio, construído em 1922 e tombado em 1977 pelo Patrimônio Histórico de Porto Alegre, esteve um bom tempo desocupado (década de 1970). Naquele contexto, um movimento de jornalistas foi organizado para criar o museu da comunicação.  O Hipólito é cercado por veículos de comunicação como O Correio do Povo e a Rádio Guaíba que seguem fazendo a história da comunicação gaúcha.  

Era um sábado chuvoso quando fomos a exposição Paralelos. Chegando no local, subimos uma escada apertada e de baixa altura até chegar à área desejada. Logo na entrada, o título da exposição e uma breve apresentação sobre a mostra: uma narrativa plural sobre os paralelos da comunicação. Seguindo o caminho, podemos notar uma espécie de linha do tempo explicando sobre a história da comunicação, desde a época das pinturas rupestres.

Linha do tempo também explica a criação do papel e da fotografia. Foto/Giordano Martini

A exposição nos convida para uma viagem no tempo, lembrando as principais mídias e equipamentos utilizados para se comunicar, como televisões, rádios, computadores e até cabines telefônicas. O acervo contém ainda máquinas de escrever, disquetes e câmeras fotográficas. Para complementar a experiência, são disponibilizadas informações explicando a história destes equipamentos, como, por exemplo, o da central telefônica. A peça exposta é de 1895. Estas centrais eram operadas por telefonistas que intermediavam a ligação entre dois usuários. O museu também busca destacar a história de Porto Alegre, trazendo a informação de que a capital recebeu a primeira central automática do Brasil em 1992. O Museu também disponibiliza QR codes exclusivos, que levam para um site de domínio do museu, que conta a história com mais detalhes, com apoio de imagens do acervo do próprio museu. 

A importância de preservar os acervos próprios  

“As instituições museológicas, a partir do processo de musealização, formam coleções temáticas de valor social, histórico e cultural. É por esse motivo que é necessário respeitar inúmeros códigos éticos e procedimentos para a preservação destes itens”, pontua o diretor do MuseCom, Welington Silva. Ele também comenta que os itens preservados pelo MuseCom seguem diversas linhas de incorporação, sendo os mais comuns a doação por particulares, a doação por parte de entidades do estado e da sociedade civil e a aquisição de peças. 

As TVs de tubo foram muito utilizadas no começo dos anos 20. Foto/Lorenzo Mascia 

A exposição também está preocupada em registrar exemplos onde os meios de comunicação, foram importantes em nossa história.  “O caso do homem errado”, uma história que aconteceu em Porto Alegre, em 14 de maio de 1987, onde um homem negro foi confundido com um criminoso e, injustamente, foi alvejado por disparos da polícia após um assalto. Ao lado dessa explicação, é possível ver registros de jornais na época, mostrando fotografias e como a imprensa foi essencial para não deixar casos como esses caírem no esquecimento. O local traz muito conteúdo informativo e conta com áreas onde os visitantes podem interagir escrevendo recados. 

O caso virou filme de cinema em 2017, sobre direção de Camila de Moraes. Foto/Giordano Martini 

Questionado sobre a importância dos museus na capital, Welington explica: “São instituições que adquirem, conservam, investigam, comunicam e expõem o patrimônio material e imaterial da humanidade e do seu meio ambiente, com fins de educação, estudo e deleite”. “A partir dos museus é possível que fragmentos do nosso cotidiano sejam ressignificados, perdurem e que nós, enquanto sociedade, possamos a partir desses fragmentos, nos transformar”, complementa.  

Sobre a exposição Paralelos, ele conta que a ideia de montar uma nova mostra de longa duração veio a partir da necessidade de renovar o ambiente expositivo e oferecer novos conteúdos e interfaces ao público. “A preservação, a pesquisa e a extroversão das memórias da comunicação gaúcha nos permitem examinar diversos aspectos da sociedade em distintos tempos, viabilizando produção de pesquisas e conhecimento, servindo como um laboratório para adquirir novos conhecimentos” conclui. 

Welington revela que a missão do MuseCom é preservar e difundir os suportes e a memória das distintas formas de comunicação presentes na sociedade gaúcha. “Nosso foco são as produções originárias e referentes ao estado do Rio Grande do Sul”. ressalta. Logo, a experiência vivida no MuseCom deve ser compartilhada para a sociedade gaúcha possa entender um pouco da história da comunicação.  

Desde o lançamento da exposição, em 2022, em torno de 32 mil pessoas a visitaram, sendo a média mensal em torno de 1.300 visitantes, afirma o diretor.  

O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa fica localizado na Rua dos Andradas, 959 – Centro Histórico, Porto Alegre. A entrada é gratuita para visitação, de segunda a sábado, das 10h às 19h (último acesso às 18h30). 

Exposição “Paralelos: A Comunicação em Quatro Linhas”. Vídeo/Lorenzo Mascia