Esporte ganha mais praticantes durante e após a pandemia, inclusive entre os gaúchos.

Em meados de 1960, a prática do futebol havia sido proibida nas praias do Rio de Janeiro. Como forma de burlar aquela proibição, um grupo de amigos, acostumados a jogar altinha (passes sem deixar a bola cair) migrou para as quadras de vôlei, no calçadão, e adaptou o esporte. Assim, nascia o futevôlei.

Após a criação, o esporte torna-se praticado igualmente nas praias de todo Brasil, principalmente, no Rio de Janeiro. A partir dos anos 90, uma geração de jogadores profissionais de futebol aderiu ao esporte, Renato Portaluppi, Edmundo, Romário e Ronaldinho Gaúcho são alguns dos famosos que praticam o futevôlei até os dias atuais.

Romário e Renato Portaluppi disputaram em 2011 o Mundial de Futevolêi. (Foto: André Durão / Globoesporte.com)

O boom do esporte

Assim como o samba, a caipirinha e o carnaval, o futevôlei candidata-se a fazer parte da cultura brasileira. A World Footvolley, empresa criada para divulgar e promover o esporte, em parceria com o IBOPE, realizou uma pesquisa, em 2022, onde projeta-se que, no universo de 110 milhões de brasileiros, 44% destes se declaram interessados pelo futevôlei, o que representa cerca de 50 milhões de pessoas.

De acordo com a Federação Paulista de Futevôlei, o esporte aumentou 250% durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Entre as explicações para este crescimento estão o fato do futevôlei ser praticado ao ar livre e por ter viralizado nas redes sociais. Desde então, influenciadores como Fred, do canal Desimpedidos, e Natália Guitler, jogadora profissional de futevôlei, mostram várias jogadas em suas redes sociais, despertando interesse maior dos seus seguidores.

Em 2022, foram cerca de 10 eventos televisionados e uma média de 100 diferentes competições amadoras por mês, em diversos estados brasileiros. Os dados indicam a expansão e a ascensão do esporte. Hoje, são cerca de 500 mil praticantes no Brasil, atuantes em mais de 1.000 arenas em diversas regiões, fazendo com que o futevôlei viva sua maior fase de crescimento.

Campeonatos por todo Brasil recebem bom número de espectadores, como no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução MKT esportivo)

As regras do Futevôlei

A facilidade do entendimento das regras para a prática do futevôlei provavelmente, também, auxilie na popularização do esporte no Brasil.

As regras são bem parecidas com as do vôlei, mas no futevôlei existem algumas diferenças: os atletas não podem utilizar a mão. E o esporte deve ser praticado, obrigatoriamente, em quadras de areia, seja nas praias ou em qualquer outro lugar.

A bola pode ser tocada até três vezes antes de retornar para o lado oposto, sempre sem deixar cai-la na areia. O praticante pode tocar na bola com os pés, as pernas, tronco e com a cabeça.

As linhas que demarcam a quadra são consideradas áreas de jogo. E, normalmente, possuem 9 metros de largura por 18 metros de comprimento. Já a rede, que divide a quadra, é colocada a 2,20 metros de altura do chão.  

O esporte pode ser jogado por duas duplas ou com até quatro jogadores na mesma equipe. Ganha o set quem fizer 18 pontos. Se o mesmo time vencer os dois primeiros sets, o jogo não irá para o terceiro.

Um esporte para todos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2021, 53% da população mundial afirmou praticar atividade física ou qualquer modalidade esportiva. As mulheres representam mais de 46% deste grupo.

Flávia Sparremberger, advogada e praticante de futevôlei, é um exemplo real destes dados. Ela conheceu o esporte em 2023, após abertura de uma quadra próxima à sua casa.

“O esporte sempre esteve presente na minha vida. Mas, foi o futevôlei que me aproximou dos meus amigos e familiares.”

Declara Flávia.

A Porto-alegrense, de 26 anos, acrescenta que o futevôlei é o esporte que mais deu condicionamento físico e força para suas pernas.

Na busca dos mesmos resultados encontrados por Flávia, a gaúcha Luana Weber, moradora da praia da Ferrugem, em Santa Catarina, também, começou a jogar futevôlei este ano. Ela já praticava vôlei, mas queria testar algo novo, que melhorasse seu condicionamento físico.

“Mudei meus hábitos, me fez perder peso, tirou meu sedentarismo e me fez sair da zona de conforto”,

Afirma Luana.
Flávia praticando no parque Alim Pedro (Foto: Arquivo pessoal)

Benefícios do esporte

Segundo Matheus Walter, professor de Educação Física na academia Bodytech, em Porto Alegre, praticar uma atividade física é essencial para um desenvolvimento harmônico do ser humano. Em relação ao futevôlei não é diferente. “Além do gasto energético ser maior na areia, comparado ao solo plano, há uma maior exigência da musculatura estabilizadora do quadril, que mantém o equilíbrio e produz a força”, complementou o professor.

Ele ainda afirma que a socialização, ou seja, o senso de pertencimento a um grupo, auxiliam na saúde mental e bem-estar do ser humano.

“No esporte é necessário desenvolver resiliência, tolerância à frustação e vontade de vencer”,

Finaliza Matheus.

Nesse sentido, é possível reafirmar que o futevôlei é um esporte muito importante para a saúde física e mental dos seus praticantes.  

A profissionalização

O porto-alegrense João Sonda, mais conhecido como Sonda, é atleta profissional de futevôlei. Já foi 20 vezes campeão gaúcho, duas vezes campeão da Footvolley Challenger Cup, vice no campeonato Sul Brasileiro. E, por dois anos seguidos foi o primeiro colocado no ranking gaúcho, em 2021 e 2022. Sonda, também, atua como professor na escola Elite Futevôlei.

Ele conheceu o esporte a partir da construção de uma quadra na frente de sua casa, no bairro Sarandi, em Porto Alegre. “O futevôlei impactou minha vida, me fez aprender a ter determinação e motivação para os meus desafios”, relata. Em 2023, Sonda foi convidado e defendeu o Sport Club Internacional na Liga Nacional de Futevôlei.

A rotina de treinamentos de João Sonda é pesada. Seus treinos acontecem de segunda a quinta-feira, em dois turnos, em quadras de areia e na academia.

“Já conquistei alguns objetivos, mas o maior ainda não. Quero me tornar o melhor jogador de futevôlei no Brasil e ser campeão do mundo”,

Afirma Sonda.

Em relação ao futuro na modalidade, ele acredita que será brilhante. “Em qualquer lugar, o futevôlei está sendo praticado, isso faz com que o mesmo se torne um dos esportes mais jogados no Brasil e talvez no mundo”, finalizou.

Sonda realizando um ataque (Foto: Richard Dücker/ Arquivo pessoal João Sonda)

A seguir, confira alguns lances de João Sonda, atleta número um do ranking gaúcho de futevôlei.

(Vídeo: Henrique Corrêa/ Arquivo pessoal João Sonda)