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O trabalho de Marli Jentz: onde a beleza vira memória

Duas décadas de salão, um olhar sensível e a vontade de transformar o encontro entre duas áreas movidas por sensibilidade e técnica

Com 50 anos e mais de duas décadas dedicadas ao universo da beleza, Marli Jentz construiu uma trajetória que une técnica, sensibilidade e coragem para se reinventar. Ela descreve sua profissão como uma extensão de si mesma, um lugar onde estética, cuidado e história se entrelaçam. Hoje, proprietária de um salão de beleza consolidado e fotógrafa em ascensão, Marli prova que duas áreas distintas podem dialogar com naturalidade quando guiadas por propósito e paixão.

Marli realiza os atendimentos no seu novo salão inaugurado em abril de 2025
Foto: Gabriele Rech/Beta Redação

A entrada no mundo da estética foi intuitiva, mas a formação acadêmica veio como marco transformador. Em 2018, conseguiu um diploma em Estética e Cosmética pela Feevale, depois de muitos anos de prática. Para ela, a graduação não apenas ampliou seu repertório técnico, mas também legitimou aquilo que já carregava na ponta dos dedos.

“A academia nos torna mais bem vistos, mostra que existe responsabilidade e conhecimento por trás do trabalho”, ela afirma. O diploma formalizou o que já sabia, ampliou sua visão profissional e reforçou a seriedade do seu trabalho.

Já a fotografia surgiu por um caminho completamente diferente, quase por acaso. Em 2023, durante uma viagem, brincou com um casal de turistas dizendo ser fotógrafa e, ao registrar um momento para eles, ouviu um elogio que virou gatilho: “Que bom encontrar uma profissional aqui”. Marli voltou para casa com aquela frase ecoando. “Aquilo ficou na minha cabeça. Eu pensei: ‘E se eu aprendesse isso de verdade?’”.

Movida pelo incômodo gostoso da curiosidade, decidiu ingressar no curso de Fotografia da Unisinos. Ela se tornou a última aluna a entrar antes do encerramento do programa. “Eu entrei sem intenção nenhuma de trabalhar com isso. Era pra aprender, pra mim. Mas as coisas foram acontecendo.”

E aconteceram rápido. Mesmo sem intenção de atuar profissionalmente, as primeiras demandas surgiram naturalmente, de suas próprias clientes do salão, muitas delas acompanhando Marli há anos. O primeiro ensaio veio de forma inesperada, após uma cliente em tratamento quimioterápico pedir para atualizar fotos corporativas. Marli não hesitou: “Eu pensei: se ela confia em mim para esse momento, eu vou fazer.” 

Daquele dia em diante, o fluxo foi natural. Três ensaios seguidos, elogios, indicações e a descoberta de um novo caminho. Um ano depois, ela olha para trás e reconhece a evolução.

A extensão do olhar fotográfico

Foi ao longo da sua caminhada no mundo da beleza que Marli encontrou alguém que iria lhe acompanhar nessa jornada: Mariana, colega de salão e hoje parceira também no universo das fotos.

Mari trabalha com Marli a 5 anos
Foto: Gabriele Rech/Beta Redação

A história começou de maneira simples. Marli buscava alguém para auxiliar no salão e recebeu a indicação para contratar Mari. O momento de virada foi quando Mari pediu para maquiar uma cliente. Ao ver o resultado, Marli percebeu algo ali. “Quando ela terminou, eu olhei pra ela e pensei: ‘Meu Deus, ela nasceu pra isso’. Tinha um brilho no olho. Depois desse dia, eu nunca mais maquiei. Nunca mais. Eu confio cem por cento nela.”

A admiração é mútua. Mari diz que a conexão que elas têm só pode ser coisa de outra vida. E essa convivência diária com Marli despertou nela a paixão pela fotografia. “Eu sempre via ela criando. Aquilo começou a me instigar. Quando percebi, já estava envolvida nos ensaios, ajudando nas ideias, nas poses, em tudo”, relata Mari.  

Atualmente Mari é braço direito de Marli no salão
Foto: Gabriele Rech/Beta Redação

Hoje, as duas atuam juntas, dividindo a rotina no salão e na fotografia. Marli conta, rindo, que se o curso de Fotografia ainda estivesse ativo, “Mari teria feito também sem pensar duas vezes”.

A evolução e o olhar sensível de Marli também contagiou Lucas, seu filho. O que começou como curiosidade virou parceria sólida. Hoje, ele fotografa, edita e acompanha a mãe em grande parte dos trabalhos. Marli conta com afeto e humor: “Às vezes ele até me corrige. Ele já está superimerso nisso. Faz as fotos comigo, edita comigo, ele é meu braço direito.”

Novos desafios e fronteiras

Entre as experiências marcantes, o primeiro casamento como fotógrafa ocupa lugar especial, onde Marli atuou ao lado de Lucas e Mari. Ela descreve o dia como intenso, desafiador e profundamente gratificante: “Casamento é outra energia. É muita responsabilidade. Tem que estar atenta ao tempo, às luzes, aos detalhes que passam em segundos. E tudo acontece muito rápido.”

Meses atrás uma nova oportunidade apareceu, Marli ampliou seu escopo e passou a fotografar viagens. Acompanhou um grupo por 11 dias no Nordeste, produzindo mais de 1,1 mil imagens, e já está confirmada para novas viagens, incluindo uma para a Itália. A parceria com a agência surgiu de forma despretensiosa, após fotografar o aniversário de 89 anos da avó de uma cliente, dona da agência de viagens. “Ela me procurou e perguntou: ‘Tu não quer viajar com a gente e fotografar?’”. Marli topou. O trabalho rendeu fidelização, admiração e um convite direto para ser a fotógrafa oficial dos grupos da agência.


As duas profissões formaram o casamento perfeito para a vida de Marli
Foto: Gabriele Rech/Beta Redação

A fotografia de viagens exige outro ritmo, algo que Marli aprendeu na prática.

“É outra postura. Tu tem que cuidar do tempo, da luz, da espontaneidade e ainda entregar rápido. O pessoal quer foto para postar na hora.”

Ela precisou equilibrar a entrega imediata, via grupos de mensagens com registros feitos pelo celular, com a preparação cuidadosa das fotos profissionais. E entende que muitos turistas ainda têm um carinho especial por álbuns impressos, algo que faz questão de manter.

Para Marli, seu trabalho é, acima de tudo, arte. Está nos detalhes, seja no cabelo de uma cliente que a acompanha há 30 anos, seja no pôr do sol que ninguém viu, seja no instante que pede permanência.

Mari, que acompanha a evolução da amiga, define: “A Marli tem um olhar que não força. Ela sente. E quando ela sente, a foto acontece.”

Sua vida profissional se move pela busca do detalhe, do enquadramento certo, da luz perfeita e, principalmente, da emoção que deseja eternizar. “Tu sempre te pergunta: será que eu sou capaz? E aí tu descobre que sim. E que pode ir ainda mais longe.”

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