Entre as opções disponibilizadas ao público pela 14º Bienal do Mercosul, aberta no dia 27 de março, em Porto Alegre, está o Espaço Força e Luz, com obras que vão desde fantasias geométricas até a desconstrução do retrato tradicional. No total, o prédio conta com quatro exposições da Bienal com artistas do Paraguai, Argentina, Peru e Estados Unidos. Três desses artistas são queer, ou seja, quebram os padrões impostos pela sociedade e transitam entre os gêneros.
Do lado de fora do Força e Luz, o público já pode conferir um telão com um vídeo de seis minutos da paraguaia Kyra Xonorika. A artista, que é transsexual, expõe um conteúdo audiovisual colorido que mostra personagens que são, ao mesmo tempo, os sujeitos e os ambientes que habitam, explorando o preconceito presente na vida contemporânea.

Logo na entrada, quem está pronta para receber e guiar os visitantes entre as obras é a mediadora Tâmara Cerpa. Trabalhando para a Bienal através de um estágio vinculado ao curso de Museologia da UFRGS, a estudante vê muita importância no evento cultural espalhado pela cidade. “Esse é um espaço democrático para as artes por conta da entrada gratuita”. Além disso, o Força e Luz tem um destaque especial. “Foi o prédio sede para a preparação da Bienal, servindo para formação de professores e mediadores”, completa.
O 1º andar expõe a obra de artiste não binário Ad Minoliti, da Argentina. Nas paredes estão várias pinturas coloridas que abordam a forma geométrica como ferramenta de imaginação política. Existe também um ambiente especial com pufes, menor luminosidade e livros de literatura feminista em meio à obra de Minoliti. “Sou grafiteiro e gosto de coisas coloridas. Esse espaço com livros e pufes me transmite paz e tranquilidade. Foi o que mais gostei”, avalia Lucas Lopes, perito contábil, que costumava visitar a Bienal na época de escola, mas descobriu o Espaço Força e Luz de passagem.

No mesmo andar ainda está o trabalho da artista peruana Fatima Rodrigo. É necessário tirar os sapatos para aproveitar a obra tátil que conta com um tapete azul cheio de desenhos, pufes e karaokê. O local é um convite para as celebrações da convivência social. “A oportunidade de soltar a voz tem chamado a atenção do público que visita a obra”, detalha Tâmara.

Por fim, o 3º andar conta com 15 quadros do estadunidense Paul Mpagi Sepuya. Com classificação indicativa de 14 anos, o obra mostra as intimidades que reiteram o protagonismo dos corpos não heteronormativos. “Essa foi a parte que mais me chamou atenção. São fotografias visualmente surpreendentes”, analisa o professor de História da Arte, Roberto Heiden, que aproveitou o final de semana para visitar os locais da Bienal espalhados pelo Centro Histórico de Porto Alegre.
O Espaço Força e Luz, localizado na Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico de Porto Alegre, está aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e nos sábados, das 11h às 18h. Também é possível realizar agendamentos para visitas guiadas de turmas escolares pelo site da Fundação Bienal do Mercosul.