Artistas queer mostram sua arte no Espaço Força e Luz, em Porto Alegre

Dentro da programação da Bienal do Mercosul, o espaço cultural recebe exposições de quatro artistas internacionais até 1º de julho

Entre as opções disponibilizadas ao público pela 14º Bienal do Mercosul, aberta no dia 27 de março, em Porto Alegre, está o Espaço Força e Luz, com obras que vão desde fantasias geométricas até a desconstrução do retrato tradicional. No total, o prédio conta com quatro exposições da Bienal com artistas do Paraguai, Argentina, Peru e Estados Unidos. Três desses artistas são queer, ou seja, quebram os padrões impostos pela sociedade e transitam entre os gêneros.

Do lado de fora do Força e Luz, o público já pode conferir um telão com um vídeo de seis minutos da paraguaia Kyra Xonorika. A artista, que é transsexual, expõe um conteúdo audiovisual colorido que mostra personagens que são, ao mesmo tempo, os sujeitos e os ambientes que habitam, explorando o preconceito presente na vida contemporânea.

Obra “Pluriverse”, da artista Kira Xonorika, do lado de fora do prédio – FOTO: MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

Logo na entrada, quem está pronta para receber e guiar os visitantes entre as obras é a mediadora Tâmara Cerpa. Trabalhando para a Bienal através de um estágio vinculado ao curso de Museologia da UFRGS, a estudante vê muita importância no evento cultural espalhado pela cidade. “Esse é um espaço democrático para as artes por conta da entrada gratuita”. Além disso, o Força e Luz tem um destaque especial. “Foi o prédio sede para a preparação da Bienal, servindo para formação de professores e mediadores”, completa.

O 1º andar expõe a obra de artiste não binário Ad Minoliti, da Argentina. Nas paredes estão várias pinturas coloridas que abordam a forma geométrica como ferramenta de imaginação política. Existe também um ambiente especial com pufes, menor luminosidade e livros de literatura feminista em meio à obra de Minoliti. “Sou grafiteiro e gosto de coisas coloridas. Esse espaço com livros e pufes me transmite paz e tranquilidade. Foi o que mais gostei”, avalia Lucas Lopes, perito contábil, que costumava visitar a Bienal na época de escola, mas descobriu o Espaço Força e Luz de passagem.

Trabalho de Ad Minoliti oferece um local de descanso e conexão consigo mesmo dentro do Espaço Força e Luz – FOTO: MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

No mesmo andar ainda está o trabalho da artista peruana Fatima Rodrigo. É necessário tirar os sapatos para aproveitar a obra tátil que conta com um tapete azul cheio de desenhos, pufes e karaokê. O local é um convite para as celebrações da convivência social. “A oportunidade de soltar a voz tem chamado a atenção do público que visita a obra”, detalha Tâmara.

Obra “Karaokê” (da série “Fantasia”), da artista Fatima Rodrigo. Local de descanso e lazer com uma máquina de karaokê – FOTO: MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

Por fim, o 3º andar conta com 15 quadros do estadunidense Paul Mpagi Sepuya. Com classificação indicativa de 14 anos, o obra mostra as intimidades que reiteram o protagonismo dos corpos não heteronormativos. “Essa foi a parte que mais me chamou atenção. São fotografias visualmente surpreendentes”, analisa o professor de História da Arte, Roberto Heiden, que aproveitou o final de semana para visitar os locais da Bienal espalhados pelo Centro Histórico de Porto Alegre.

O Espaço Força e Luz, localizado na Rua dos Andradas, 1223, Centro Histórico de Porto Alegre, está aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e nos sábados, das 11h às 18h. Também é possível realizar agendamentos para visitas guiadas de turmas escolares pelo site da Fundação Bienal do Mercosul.

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