Longa-metragem consegue cativar o público com plano-sequência e constante apreensão. 

O filme 1917 do diretor Sam Mendes poderia ser apenas mais um filme de guerra, porém, o sucesso foi tanto que recebeu 10 indicações ao Oscar em 2020. A produção que estreou em dezembro de 2019 na plataforma de streaming Netflix, (atualmente está disponível na Amazon), conta a história de uma missão impossível, ou quase, dada a dois jovens no penúltimo ano da longa Primeira Guerra Mundial (1914-1918). 

Dois soldados britânicos, Schofield (interpretado por George MacKay) e Blake (interpretado por Dean-Charles Chapman), foram destinados a atravessar e adentrar o território inimigo para informar aos seus companheiros que estavam sobre uma armadilha, o local estava dominado pelo inimigo. Caso não tivessem sucesso, 1,6 mil vidas seriam perdidas por integrantes de um regimento de Devonshire, na batalha de Passchendaele. 

Algo que chama atenção é que o diretor se baseou nas memórias de seu avô, Alfred Mendes, veterano da Primeira Guerra Mundial, para dirigir e produzir o filme. Ou seja, a partir de um relato que ouviu em sua infância, Sam Mendes, ao lado da roteirista Krystyn Wilson-Cairns tiveram brilhantismo na construção da trama, deixando em evidência a humanidade e o sacrifício dos soldados em realizar a missão.  

A batalha

Os soldados haviam sidos designados atravessar o território inimigo, com o objetivo de entregar uma mensagem aos seus aliados. A mensagem continha a informação de que os inimigos estavam tramando uma armadilha, sendo assim, era preciso abortar a ofensiva militar.

Ao longo de toda história, os dois soldados britânicos são confrontados com inúmeras dificuldades e situações de perigo, relatando a brutalidade da guerra e a luta pela sobrevivência.

A técnica

Mas é obvio que um filme não pode ser somente uma boa história. Sam Mendes, junto ao diretor de fotografia, Roger Deakins, usaram uma técnica audiovisual que estava esquecida nos últimos anos, a prática do plano-sequência. Pela primeira vez visto em 1948, no filme ‘Festim Diabólico’, do diretor Alfred Hitchcock, o plano-sequência é uma técnica em que uma cena é apresentada sem cortes, neste caso, em toda a longa há apenas um corte. A técnica foi essencial para criar uma experiência imersiva no espectador, como se ele fizesse parte da história filmada. 

 Normalmente, ao assistir qualquer tipo de filme não nos sentimos no fronte, porém, 1917 nos leva até as trincheiras da França, e faz com que vivenciemos juntos com os soldados toda intensidade de uma guerra.

Além da estética adotada, a atuação dos atores fora essencial para o sucesso do filme, visto que é através deles que sentimos constante agonia, medo e a determinação para completar a missão. Sendo assim, acredito que George Mackay e Andrew Scott conseguiram despertar com excelência a sensação no público de vivenciar uma guerra.  

Em 1917 é possível ver que além de guerra, a obra aborda emoções, humanidade e uma forma de contar a história muito criativa.