A 38ª edição da Fenacan, em Santo Antônio da Patrulha, foi palco de um evento inédito no último dia de programação, domingo, 17 de agosto: o 1º Troféu Pé de Moleque – DaColônia. A corrida de rua, que reuniu 281 atletas, emocionou a cidade e marcou a primeira competição organizada pelo Projeto Pé de Moleque, uma iniciativa social sem fins lucrativos, que tem como objetivo transformar a realidade de crianças e adolescentes através da prática esportiva.
A premiação maior aconteceu no palco principal da Fenacan, onde os jovens atletas receberam suas medalhas, vivendo um momento relatado como “inesquecível”. A corrida, que incluiu categoria para atletas com deficiência (PCDs), foi um reflexo do compromisso do projeto com a inclusão e a equidade.
O Projeto Pé de Moleque nasceu a partir de uma ideia do atleta e empreendedor Adair Viana, que há 19 anos pratica o atletismo. “A corrida faz muito bem pra mim e vejo que também faz muito bem para os demais praticantes”, afirma Viana. “Acredito que quanto antes iniciarmos, maiores serão os benefícios para essas crianças e adolescentes, tanto na parte física quanto na mental”, complementa.

A realização da corrida dentro da Fenacan foi, segundo Adair, um marco para o projeto. “Entendíamos que essa seria a grande oportunidade da comunidade nos conhecer, e foi exatamente isso que aconteceu. A repercussão foi gigante e muito positiva”, relata.
Esporte como ferramenta de transformação
Gilmar Rocha, professor do projeto, destaca o papel transformador da iniciativa. “O Pé de Moleque tem um papel muito importante no desenvolvimento das crianças e adolescentes que participam, reforçando o seu compromisso com a atividade física e a união com pais e amigos”, explica. Para ele, a corrida na Fenacan foi crucial para aproximar a comunidade e dar peso ao trabalho realizado.
A transformação na vida dos alunos é visível. Integrante do projeto e participante da corrida, Henrique Novaski, de 15 anos, relata: “É uma experiência muito boa. Cada treino eu consigo melhorar mais ainda. Os professores sempre te incentivam, então é muito bom mesmo.” No depoimento, o jovem também valorizou a realização da categoria criada para a inclusão de atletas com deficiência: “Eu achei uma coisa muito legal, muito legal mesmo. Deram premiação a eles, como todos e como deve ser, né?”. O sonho de Henrique é se tornar uma referência no atletismo, através de treino e dedicação.



Para irmã de Henrique, a atleta Gabrieli Novaski, de 10 anos, a corrida incentivou muitas crianças a praticar o esporte. “Eu gosto muito dos treinos, tem vários professores que incentivam os alunos e os treinos ajudam a melhorar o meu desempenho na corrida”, afirma. Ela sonha em conquistar “muitos troféus e participar de muitas corridas pelo Brasil”.





Futuro e novos sonhos
O sucesso do evento impulsiona o projeto para novos horizontes. Atualmente, o projeto atende 76 jovens no Núcleo I, que já conta com 26 interessados para novas vagas em lista de espera. Adair revela os planos de expansão: “A ideia é aumentar a capacidade para 80 atendimentos no Núcleo I, da Praça da Valbaru, abrindo mais 10 novas vagas, e iniciar o Núcleo II na localidade do Monjolo, junto à escola Felisberto Luiz, para atender até 40 crianças e adolescentes.” Além dos interessados nas vagas do Núcleo I, que acontece na sede urbana do município, projeto já conta com 28 crianças na lista de espera para o Núcleo II, que deverá atender a comunidade rural – a expansão depende de patrocínio para a compra de novos uniformes.
Para viabilizar esses planos, o Pé de Moleque busca apoio de empresas, tendo em andamento dois projetos de captação de recursos: um via Imposto de Renda do Governo Federal, no valor de R$ 300 mil, e outro via PRO ESPORTE, do governo gaúcho, no valor de R$ 250 mil.
Com a corrida na Fenacan, o Projeto Pé de Moleque provou que é mais do que esporte, é um motor de transformação social que já deixou uma marca na história de Santo Antônio da Patrulha.
