Porto Alegre avança na sustentabilidade com nova frota de ônibus elétricos

Quantidade de veículos deve subir de 12 para mais de 100 após esforço alinhado ao Plano de Ação Climática (PLAC) e às metas da Agenda 2030 da ONU

O transporte público de Porto Alegre vive um momento de transição sustentável. Em setembro, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), apresentou um novo modelo de ônibus elétrico articulado e confirmou a aquisição de 100 novos veículos sustentáveis, ampliando a frota atual. O investimento, orçado em R$ 447 milhões, será viabilizado por financiamento do BNDES/Finame, no âmbito do Novo PAC, e deve consolidar a capital como uma das cidades brasileiras mais comprometidas com a descarbonização do transporte público.  

Atualmente, 12 ônibus elétricos circulam regularmente em cinco linhas da cidade, três delas totalmente elétricas (E358, E178 e E703) e duas em modelo híbrido, compartilhando operação com veículos a diesel (linhas 110 e 1.5). Esses veículos, implantados em agosto de 2024, já completaram um ano de operação. Segundo a SMMU, o projeto piloto trouxe resultados expressivos: quase 700 toneladas de dióxido de carbono equivalente deixaram de ser emitidas na atmosfera, além de uma economia de cerca de R$ 1 milhão em combustível nesse período. 

“Esses resultados são muito consideráveis, tanto pelo aspecto ambiental quanto pela experiência do usuário”, explicou o secretário Adão de Castro Júnior em entrevista à reportagem. “Os ônibus são silenciosos, confortáveis, e tanto passageiros quanto motoristas relatam uma melhoria significativa na operação. Muitos motoristas, inclusive, não querem mais voltar a conduzir veículos a diesel por causa do ruído e vibração”. 

A eletrificação como eixo do Plano de Ação Climática 

A ampliação da frota elétrica é um dos pilares do Plano de Ação Climática de Porto Alegre (PLAC), instrumento que orienta o conjunto de políticas da cidade voltadas à mitigação das emissões de gases poluentes e à adaptação aos impactos das mudanças climáticas.  

O plano estabelece metas até 2050, quando a cidade pretende alcançar a neutralidade de carbono. No setor de transportes, o foco é reduzir progressivamente o uso de combustíveis fósseis, substituindo-os por modais de baixa ou zero emissão. 

“Hoje, cerca de 67% das emissões de Porto Alegre vêm do setor de transportes, e, dentro desse percentual, aproximadamente 10% são provenientes do transporte público”, destaca o secretário. “A substituição gradual da frota por veículos de emissão zero, elétricos, a hidrogênio ou movidos a biocombustíveis, é uma das principais ações previstas dentro do PLAC”.

A eletromobilidade não é um projeto isolado. Ela está conectada a outras políticas municipais, como o Plano de Logística Sustentável e o Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PDMU), além de estar alinhada aos ODSs da Agenda 2030 da ONU. De acordo com as estimativas da SMMU, quando a frota total de 112 ônibus elétricos estiver em circulação, a cidade deixará de emitir mais de 8 mil toneladas de dióxido de carbono por ano. Esse número deve ser ainda maior, considerando que parte dos novos veículos será composta por modelos articulados, com maior capacidade e eficiência energética. 

Impacto, operação e infraestrutura  

A previsão é que os novos ônibus comecem a chegar a partir de 2026, em entregas escalonadas. O objetivo é garantir a integração gradual ao sistema de transporte e permitir a adaptação da infraestrutura necessária, como estações de recarga e garagens equipadas. 

De acordo com o secretário Adão Júnior, hoje, Porto Alegre tem estrutura de recarga em três garagens, que atendem os 12 veículos já em operação. Com o novo projeto, a prefeitura irá expandir para as nove garagens da cidade, além de instalar pontos de recarga rápida em terminais estratégicos, como o Terminal Triângulo da Assis Brasil, a Antônio de Carvalho e a Azenha. Essas estações permitirão que os ônibus recarreguem durante o intervalo entre picos de operação, o que garante eficiência energética e operacional. 

Os veículos articulados, como o modelo e-Bus, contam com autonomia média de 250 quilômetros por carga, o suficiente para cumprir toda a jornada diária. Além disso, oferecem maior conforto térmico e acústico, acessibilidade, tomadas USB e wi-fi.  

O secretário ressalta que os benefícios vão além da economia financeira: “A gente ainda não mensurou totalmente o impacto das chamadas externalidades positivas, como a melhoria na saúde humana. Mas já sabemos que a redução de materiais particulados e de óxidos de nitrogênio, presentes na queima do diesel, tem reflexos diretos na qualidade do ar e no bem-estar da população”. 

O futuro da mobilidade sustentável em Porto Alegre 

A expansão da frota elétrica é apenas uma das frentes do programa de mobilidade sustentável que Porto Alegre vem implementando. A cidade também investe em bicicletas e patinetes elétricos compartilhados, que já somam mais de 2,3 mil unidades em operação, e desenvolve projetos de infraestrutura para carregadores públicos de carros elétricos.

A aposta da prefeitura em eletromobilidade é um reflexo do crescimento de políticas ambientais locais. Ao integrar o PLAC às ações de transporte público, a cidade sinaliza que sustentabilidade não é mais apenas um discurso, é um projeto de futuro em andamento.

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