Novo Hamburgo terá que investir R$ 450 mil por mês para ser competitivo no Gauchão 2026

Equipe do Vale do Sinos superou desafios para encontrar patrocinadores em 2025 e projeta que a situação siga parecida no próximo ano

No último sábado (30), o Novo Hamburgo sagrou-se campeão do Gauchão A2 diante do Inter de Santa Maria. O desempenho na competição também garantiu o sonhado acesso à primeira divisão do Campeonato Gaúcho 2026. Do ponto de vista financeiro, o clube precisou de criatividade para ser competitivo neste ano.

Em jogo com muitas emoções, anilado saiu com a vantagem do Estádio do Vale e garantiu o títilo com um empate no jogo de volta
ARTHUR RECKZIEGEL/BETA REDAÇÃO

“Em uma Série A2, a mídia, o público e a imprensa não têm muito interesse. As receitas caem abruptamente”, detalha o coordenador Comercial do Novo Hamburgo, Luis Fernando Martins. Diferentemente dos grandes torneios do futebol nacional, o Gauchão A2 não oferece nenhum recurso financeiro vindo da federação ou de direitos de transmissão. “É difícil você chegar num patrocinador e fazer ele fechar para o Campeonato Gaúcho A2. Já vem a pergunta: ‘O que tem de mídia? Tem TV?’ Não, não tem. ‘Público?’ O público é menor ainda”, completa.

Água, luz, internet, alimentação, folha salarial, administrativo, viagens e causas trabalhistas são algumas das despesas do clube. Para se ter uma ideia, apenas para abrir as portas do Estádio do Vale, sem estar envolvido em nenhuma competição, o Novo Hamburgo gasta cerca de R$ 100 mil por mês. “Nós tentamos reduzir o custo interno através de permutas. Temos também apoiadores na questão financeira. Tivemos um cuidado especial na hora de contratar para tentar reduzir os riscos e buscar atletas com perfil que se encaixasse naquilo que a competição exige”, conta o diretor executivo de Futebol, Luís Fernando Hannecker, sobre as estratégias utilizadas.

De volta à primeira divisão, o Novo Hamburgo deve garantir cerca de R$ 850 mil pelos direitos de transmissão do Gauchão. De primeira vista a notícia parece excelente, mas é preciso ter muita cautela. Hannecker projeta um gasto de R$ 450 mil por mês para montar um time competitivo e garantir que as despesas internas continuem em dia. Tendo em mente que o Novo Hamburgo deve iniciar os treinamentos no início de dezembro e o Gauchão vai até março, no mínimo R$ 1,8 milhão serão necessários no total.  

“Em 2017, quando fomos campeões do Gauchão, pensei: ‘Agora eu vou pegar o telefone e vou ligar para o fulano renovar e vai ser só assinar’”, recorda Martins. Porém, mesmo após a maior glória da história do clube, a realidade foi diferente. “Infelizmente, após o título gaúcho, a gente conseguiu manter apenas dois apoiadores”, complementa.

Torcida esteve presente em bom número no jogo de ida da final, porém tamanho apoio não é frequente em boa parte dos jogos – ARTHUR RECKZIEGEL/BETA REDAÇÃO

O desafio está dado, e a direção anilada já começou a projetar os próximos passos. “A gente vai tentar encorajar os empresários de Novo Hamburgo, aqueles que talvez entrem só com a permuta, aqueles que têm um poder aquisitivo maior, cada um com a sua forma. Assim a gente vai conseguir representar bem a cidade e buscar um espaço no cenário nacional”, projeta Hannecker. 

Uma coisa já é certa, o Novo Hamburgo vai seguir com o apoio de Wagner Pereira, dono do Restaurante Pereira’s, que fornece alimentação para comissão técnica e churrasco para os torcedores antes dos jogos. “Não tenho muitas condições de ajudar, mas o que eu faço é de coração”, avalia. Além de ter jogado profissionalmente no clube de 1998 a 2002, Pereira tem um carinho pela equipe que vem de família. “Meu pai era Novo Hamburgo doente e eu tenho isso no sangue. Ano que vem, no Gauchão, estaremos juntos de novo”, garante.

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