Jovem com nanismo compartilha desafios e representatividade nas redes sociais

A estudante de administração Francielle Borges, também conhecida como Fran, se destaca nas redes sociais por compartilhar as experiências de uma mulher com deficiência. Aos 26 anos, natural de Porto Alegre, ela encontrou na internet uma forma de se expressar, inspirar pessoas e falar sobre o que gosta: moda, beleza e o seu dia a dia. Assim, ela conquista seus seguidores e fortalece a representatividade para um público que muitas vezes passa despercebido.

Nascida com um tipo raro de nanismo, enfrenta diariamente a falta de acessibilidade e o preconceito na sociedade. Para muitos, o nanismo não é reconhecido como uma deficiência, o que limita o entendimento sobre os obstáculos enfrentados. Apesar disso, ela utiliza sua voz e sua presença online para quebrar estereótipos, promover debates necessários e mostrar que pessoas com nanismo têm direito a respeito, autonomia e oportunidades.

Na entrevista a seguir, Fran compartilha sua trajetória de vida, os desafios diários, as barreiras enfrentadas no ambiente acadêmico e seus sonhos para o futuro.

Para começar, fale um pouco sobre sua trajetória. Quem é a Francielle?

Eu nasci com um tipo muito raro de nanismo, com hidrocefalia e com uma doença muito grave na coluna. Até aqui já passei por 22 cirurgias, sendo que duas delas foram feitas no ano passado, quando eu passei por mais de 120 dias de internação. Sou estudante de administração na UFRGS e crio conteúdo para as redes sociais sobre moda, beleza e sobre a minha vivência como uma pessoa com nanismo.

Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou em razão do nanismo?

Eu acredito que a minha maior dificuldade seja as doenças que vieram junto ao nanismo, que me causam dores, e outros sintomas, necessitando de cirurgias.

Você compartilha nas redes sociais conteúdos sobre maquiagem e moda. De onde vem essa paixão?

Sempre fui muito vaidosa. Desde criança, minha mãe gostava de me vestir como uma boneca, e isso acompanhou minha trajetória até hoje.

Você cursa Administração na UFRGS. Como é a sua experiência no ambiente acadêmico? Quais são as principais barreiras que você enfrenta e de que forma isso afeta sua rotina e seu aprendizado?

A maior barreira é em relação à falta de acessibilidade. Eu não consigo lavar as mãos, por exemplo, e também não tenho uma cadeira adaptada, o que afeta a minha coluna. Vou me formar ano que vem e ainda não consegui lavar as mãos na faculdade. Essas dificuldades não afetam diretamente no meu aprendizado, mas prejudicam      a minha rotina.

Na sua opinião, as universidades estão preparadas para acolher pessoas com nanismo ou outras deficiências?      

Não. Apesar de ter um esforço hoje em dia com campanhas em relação ao capacitismo, porém na prática continua muito complicado. Quando fazem a acessibilidade, é pensado só no cadeirante e no meu caso, eu não consigo ter acesso a muitas coisas, como botões de elevador e vaso sanitário.

A falta de acessibilidade já te impediu de participar de algum evento ou atividade? Como você lida com essas situações no dia a dia?

Não, porém com certeza dificulta bastante. Como eu sempre vou acompanhada da minha mãe, quando a acessibilidade não é adequada nós procuramos uma solução.

Qual a maior lição que você acredita ter aprendido por conviver com o nanismo?

Acredito que ser uma pessoa com nanismo fez com que eu tenha uma visão diferente do mundo, e principalmente conviver com as dores e sintomas da minha doença na coluna, cirurgias, minhas últimas internações como os 120 dias de internação que eu passei no ano passado, me fez dar mais valor às coisas importantes na vida, minha família, meus amigos e minha fé em Deus.

Olhando para frente, quais são seus sonhos e planos profissionais e pessoais?

No momento, o meu maior sonho é ter sucesso profissionalmente com a minha carreira na internet e poder garantir um futuro mais tranquilo para mim e minha família.

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