Cooperativismo é fortalecido em Salvador do Sul

Instituições de cooperação movimentam mais de R$ 400 milhões na economia salvadorense

Nos últimos anos, o município de Salvador do Sul, situado no Vale do Caí, tem se destacado com o crescimento econômico impulsionado pelo fortalecimento do cooperativismo. Com a expansão de importantes cooperativas financeiras, como Cresol, Sicredi e Sicoob, a cidade passa por transformações em sua economia, proporcionando mais acesso a crédito e fomentando a inclusão financeira de suas comunidades. Essas instituições têm se consolidado como pilares do desenvolvimento, oferecendo soluções financeiras personalizadas e favorecendo o crescimento das famílias e dos pequenos negócios salvadorenses.

Além dos segmentos financeiros, a Cooperativa Ouro do Sul também tem desempenhado um papel essencial na dinâmica econômica de Salvador do Sul. Com seu mercado local, ela abastece os munícipes com produtos de qualidade e gera empregos, além de contribuir diretamente para o fortalecimento do comércio. A cooperação entre os moradores e as cooperativas têm criado um ciclo virtuoso de prosperidade, com índices elevados, evidenciando a importância de modelos de negócios que priorizam o bem-estar coletivo e a sustentabilidade econômica para o futuro do município.

A cooperação entre as instituições de crédito

Em entrevista com os gerentes das cooperativas financeiras de Salvador do Sul, ficou evidente que o modelo está se expandindo cada vez mais, não apenas no aspecto financeiro, mas também no impacto social e educacional que traz para a população salvadorense.

Moisés Schlindwein, gerente do Sicredi – Salvador do Sul, destaca a importância do cooperativismo para a educação financeira. A instituição tem se envolvido ativamente em diversos segmentos da sociedade, realizando encontros com associados, escolas, empresas e até mesmo com crianças e adolescentes. A participação do Sicredi na Semana Nacional de Educação Financeira, promovida pelo Banco Central, é uma das principais ações que a cooperativa realiza anualmente para promover uma nova consciência sobre o uso responsável do dinheiro. “Temos três escolas no município que trabalham com o projeto que chamo carinhosamente de Alfabetização Financeira. Nessa ocasião, o apoio do Sicredi Ouro Branco vai além da formação dos professores, mas também conta com a presença de nossa equipe de assessoria pedagógica”, afirma Moisés.

Cooperativa SICREDI movimenta mais de 70% da renda da população salvadorense – MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

Em números, a cooperativa já ultrapassou a marca de 5 mil contas em Salvador do Sul, com uma movimentação superior a R$ 350 milhões, evidenciando sua relevância na economia local. “O cooperativismo é um modelo robusto e eficiente, no qual os associados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, o que permite que os recursos financeiros gerados fiquem circulando dentro da própria comunidade, fortalecendo o comércio e o bem-estar social”, conclui o gerente.

Já o gerente da Cresol, Iuri Hummes Specht, enfatiza uma perspectiva focada no relacionamento comunitário e na simplicidade das soluções financeiras. Segundo ele, as cooperativas de crédito têm encontrado espaço em cidades menores como Salvador do Sul, oferecendo um modelo mais próximo dos cooperados. “Nosso objetivo é colocar o cooperado no centro das ações da cooperativa, oferecendo soluções simples e acessíveis”, destaca.

Iuri Hummes Specht, gerente da CRESOL Salvador do Sul – – MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

A Cresol também foca na educação financeira, especialmente entre crianças e jovens. “Temos um projeto chamado Mesadinha. Ele já atendeu cerca de 500 alunos nas escolas rurais do município e é um exemplo claro de como a cooperativa tem impactado as futuras gerações. O programa visa ensinar conceitos financeiros de forma lúdica e criativa, ao mesmo tempo em que promove valores como o cuidado com o meio ambiente e o trabalho coletivo”, afirma Iuri.

Em termos de dados financeiros, a Cresol conta com aproximadamente mil associados em Salvador do Sul e região, movimentando cerca de R$ 15 milhões em ativos, entre aplicações e créditos liberados. “Acreditamos que o cooperativismo de crédito é o modelo mais democrático e participativo e, em Salvador do Sul, ele está fortalecendo a confiança e a credibilidade de todos os envolvidos”, completa o gerente.

Por sua vez, Tiago Rafael Herbert, gerente do Sicoob, traz à tona os investimentos da cooperativa em inovação tecnológica. Mesmo com a agência inaugurada recentemente no município, em maio de 2025, a instituição financeira já conquistou 230 cooperados e ultrapassou R$ 3 milhões em recursos captados, além de mais de R$ 4 milhões em créditos concedidos.

Em 5 meses de operação, a cooperativa SICOOB conta com quatro funcionários de atendimento ao público – MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

A cooperativa tem um compromisso com a inclusão digital, oferecendo canais de atendimento modernos, como aplicativos e WhatsApp. Também garante atendimento presencial e por telefone para quem prefere um atendimento mais tradicional. “Como 40% da população salvadorense é do meio rural, precisamos focar também neste público, para que tenham acesso a nossos serviços financeiros de forma simples e eficiente”, afirma Tiago.

Além disso, o Sicoob tem se destacado por apoiar ações comunitárias, como a promoção de educação financeira nas escolas, apoio a projetos esportivos e a doação de materiais para as áreas da saúde e da educação. “A cooperação entre as diferentes cooperativas financeiras fortalece a economia local, gera mais emprego e torna o mercado mais competitivo, o que beneficia diretamente os cooperados. Tudo isso é fundamental para reduzir custos, ampliar mercados e promover um desenvolvimento sustentável na região”, explica.

Todos os gerentes concordam que, apesar do crescimento e das conquistas, o cooperativismo enfrenta desafios tanto no campo econômico quanto no social. A resistência de algumas pessoas ao modelo cooperativo ainda é uma barreira, e o maior desafio está em demonstrar os benefícios a longo prazo. 

Cooperativismo nas gôndolas do supermercado

Não é apenas de bancos que o cooperativismo se fortalece. A exemplo disso, nota-se a Cooperativa Ouro do Sul. Com uma loja moderna no centro de Salvador do Sul, o supermercado atende cerca de 1,3 mil associados e, no ano de 2024, atingiu cerca de R$ 30 milhões de faturamento. O que representa, aproximadamente, mais de R$ 100 mil de retorno para o município.

A Cooperativa Ouro do Sul foi criada em 29 de julho de 1935, originalmente como Cooperativa de Productos Suínos do Cahy Superior, por um grupo de 38 produtores rurais, cujo objetivo era industrializar os suínos produzidos pelos associados. Em 1981, iniciou a atuação em Salvador do Sul. Na época, foi realizada uma fusão com a Cooperativa Agrícola São Salvador. Além de atender a população salvadorense, também possui unidades nas cidades de Harmonia e São José do Sul. Além das lojas, há vendedores externos que realizam os pedidos junto aos associados e clientes, para entrega posterior nas suas residências.

Cooperativa Ouro Sul é responsável por movimentar grande parte da economia de Salvador do Sul – MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

O vice-presidente da cooperativa Ouro do Sul, Juliano Mossmann, analisa a importância de as cooperativas reinvestirem o valor de receita no seu patrimônio, seja ele físico ou social. “Quando reinauguramos a loja em Salvador do Sul, em 2019, percebemos um incremento no faturamento acima de 38% em relação aos dados pré-reforma”, explica.

O gestor considera que o bom atendimento é prioridade dentro de uma cooperativa. “A fidelização do nosso cooperado é a nossa missão. Por isso, o cooperativismo é mais do que a união de pessoas em torno de um objetivo em comum. Ele tem uma importante função social, auxiliando produtores rurais, associados e colaboradores a se desenvolverem economicamente”, afirma o vice-presidente.

A Ouro Sul cooperativa conta, atualmente, com 32 colaboradores – MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

Juliano sente orgulho ao refletir sobre a trajetória da cooperativa. “Mais de 90 anos após sua fundação, a Ouro do Sul é uma das cooperativas mais antigas do Rio Grande do Sul e continua a fazer diferença na vida dos seus associados e dos produtores rurais, contribuindo para o desenvolvimento da região do Vale do Caí e do estado”, enfatiza.

A coligação entre a CDL e o cooperativismo

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Salvador do Sul e São Pedro da Serra, representada pelo presidente e microempresário Ademar José Spohn, destaca que a participação nas assembleias das cooperativas é uma demonstração do engajamento da população com o cooperativismo. Esse envolvimento se reflete principalmente em áreas como a geração de energia, setores primários e, até mesmo, no varejo. 

Presidente do CDL de Salvador do Sul e São Pedro da Serra, Ademar José Spohn – MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

Para Ademar, o modelo, além de ser uma forma de negócio, também pode ser classificado como uma “filosofia” de trabalho que envolve a colaboração mútua. “Cooperativismo é a participação de um grupo de pessoas com objetivos comuns, buscando melhores resultados e benefícios para a comunidade como um todo”, afirma o presidente da CDL. 

A importância do cooperativismo em Salvador do Sul vai além do crescimento econômico; ele contribui para a inclusão social e a democratização do acesso a serviços e oportunidades. “Quanto mais pessoas se envolvem com esse modelo, mais eficaz é o alcance dos objetivos. O cooperativismo tem ajudado a impulsionar a nossa economia, promovendo um ambiente mais justo e solidário, onde todos podem se beneficiar. Isso gera uma sensação de pertencimento e participação entre os cidadãos”, destaca.

Ademar Spohn atendendo as demandas – MARCEL VOGT/BETA REDAÇÃO

A coligação entre a CDL e o cooperativismo reflete um caminho promissor para Salvador do Sul. A parceria entre as cooperativas financeiras e o comércio local fortalece a economia, gera mais empregos e contribui para a competitividade do mercado. “É a união que traz resultados concretos, com benefícios que retornam à própria comunidade, gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável. Mesmo com desafios, a continuidade do crescimento desse segmento será crucial para a prosperidade futura do nosso município, reafirmando a importância dessa colaboração para o futuro econômico e social de Salvador do Sul”, conclui Ademar.

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