Um olhar sobre o Tiradentes midiatizado
Como a TV, o cinema, a música e a os livros constroem a imagem de Joaquim José da Silva Xavier, o mártir da Inconfidência
Seja na política, no futebol ou na música, a mídia tem um papel importante na construção de um mito. Em questão de entretenimento, os mitos não precisam de contexto histórico. Já na política, por exemplo, um mito é um personagem que tem os mesmos objetivos e ideais de liberdade da população, com coragem, patriotismo e posição privilegiada para se destacar. Nesse aspecto, a Beta Redação traz pequenos recortes da imagem de Joaquim José da Silva Xavier retratados na mídia, principalmente como forma de relacionar cultura, história e entretenimento.
Na quarta-feira, 21 de abril, foi comemorado o feriado de Tiradentes, o líder da Inconfidência Mineira que lutou pela independência e defendeu os recursos naturais do Brasil. Em uma época em que o país era dominado pela coroa portuguesa, Tiradentes foi um dos inconfidentes que contestou tal poder.
Sua imagem heroica foi construída a partir de seus ideais. O enforcamento e esquartejamento em praça pública em 1792 reforçaram esse conceito, uma vez que os outros inconfidentes tiveram penas mais leves, como expulsão do país.
O movimento republicano e a instalação da própria República abriram espaço para a história de Tiradentes na imprensa. Hoje, sua imagem segue presente em músicas, filmes, livros e novelas. Confira algumas marcas de Tiradentes da mídia:
NOVELA
Na novela “Liberdade, Liberdade”, exibida na Rede Globo, Tiradentes é tratado como ser humano, não como herói. O roteiro é baseado na história da Inconfidência Mineira, porém trabalha com a ficção. Thiago Lacerda é quem interpreta Tiradentes, que apareceu morto já no primeiro capítulo, em 11 de abril. Escrita por Mario Teixeira e com direção artística de Vinícius Coimbra, a novela das 11 (transmitida às 23h) recria o Brasil do fim do século XVIII e início do século XIX. Para os figurinos, uma atenção especial: as roupas são envelhecidas propositalmente, ajudando a criar o realismo para um enredo de época. O cenário também requer muita produção, inspirado na arquitetura mineira, com acabamentos primários, tons terrosos e madeira de demolição. Esses detalhes são essenciais para que o telespectador possa imaginar como era o período, sem indústrias e com a depredação dos recursos naturais.

Thiago Lacerda interpreta Tiradentes na novela “Liberdade, Liberdade” (Foto: Alessandra Lucas/Gshow)
MÚSICA
Regravada nas vozes de Chico Buarque, Cauby Peixoto, Elis Regina e outros nomes da Música Popular Brasileira, a canção “Exaltação a Tiradentes”, composta por Mano Décio, Estanislau Silva e Penteado em 1949, homenageia o mineiro. No mesmo ano, a Escola de Samba Império Serrano foi campeã do Carnaval carioca. O refrão “Joaquim José da Silva Xavier / Morreu a 21 de abril / Pela Independência do Brasil / Foi traído e não traiu jamais / A Inconfidência de Minas Gerais” é um resumo da história do mineiro.
Aqui, a letra na íntegra:
Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a 21 de abril
Pela Independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A Inconfidência de Minas Gerais
Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa liberdade
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado
FILME
Em 1998, foi lançado o filme “Tiradentes”. Dirigido por Oswaldo Caldeira, o filme traz uma visão intrigante da história com os fatos políticos que marcaram a Inconfidência Mineira.
LIVRO
Entre várias obras, artigos, textos e pesquisas sobre o tema, um livro em destaque é “Tiradentes e a Conspiração de Minas Gerais”, de Cristina Leminski, que estimula a reflexão e o senso crítico sobre a história. A primeira edição da obra é de 1994, da editora Scipione. Difícil de encontrar em grandes livrarias, pode ser adquirido pelo site Estante Virtual, um portal de troca de livros por preços amigáveis. Essa publicação fica na média de R$ 4,00, oferecida por mais de 80 vendedores cadastrados no site.
Já a publicação “1789 – A história de Tiradentes”, de Pedro Doria, traz um passeio completo pelo Brasil e contexto histórico mundial da época. Publicado em 2013 pela editora Harper Collins Br, o livro tem 272 páginas e pode ser comprado por R$ 37,90 no site da Livraria Cultura.
- Publicado em: 22/04/2016
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